São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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"JN" entrevista candidatos ao vivo

RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de hoje, os presidenciáveis usufruem de sua principal oportunidade de TV antes do início do horário gratuito, em 20 de agosto. Começa com Ciro Gomes (PPS) a rodada de entrevistas dos postulantes ao Planalto no "Jornal Nacional", carro-chefe da programação jornalística da Rede Globo.
Amanhã será a vez de Anthony Garotinho (PSB). Na quarta, de José Serra (PSDB). Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá na quinta. A ordem foi definida por sorteio.
Serão sabatinados por William Bonner e Fátima Bernardes. Nos dez minutos destinados a cada um, os candidatos atingirão audiência estimada em 2,1 milhões de domicílios apenas na Grande São Paulo. De acordo com a emissora, em todo o país cerca de 30 milhões de pessoas estão sintonizadas no telejornal a cada minuto.
Embora reconheçam a importância de tamanha visibilidade, as equipes dos presidenciáveis evitam dar a idéia de que eles serão "treinados" antes de ir ao ar.
Assessores afirmam que seus candidatos manterão a agenda, no máximo tirando para repousar a tarde anterior às entrevistas.
"Não haverá preparação", diz Einhart Jacome da Paz, publicitário da campanha de Ciro. "Apenas um pouco de descanso, porque estar na televisão é como visitar o eleitor em casa. Você não vai à casa dos outros amassado."
Para Carlos Rayel, coordenador de comunicação de Garotinho, importa que as entrevistas terão todas a mesma duração. "O horário gratuito, além de ainda distante, será muito desigual."
Nelson Biondi, publicitário de Serra, acredita que a exibição em dias seguidos dará ao eleitor a chance de comparar o desempenho dos candidatos na TV.
Também do lado de Lula não se anuncia preparação especial. Segundo sua assessoria, ele deverá apenas elencar, em conversa com o publicitário Duda Mendonça, possíveis temas de perguntas.
A série de entrevistas no "Jornal Nacional" inaugura um pacote de cobertura com o qual a Globo espera se distanciar das acusações de favorecimento que atingiram a emissora em eleições passadas.
Ainda no primeiro turno, os presidenciáveis irão ao "Jornal da Globo" e ao "Bom Dia Brasil", além de voltar ao "JN" e participar de um debate em 3 de outubro.
As regras dos eventos foram negociadas com as equipes dos candidatos de modo a evitar percepções de tratamento diferenciado.
Para Carlos Henrique Schroder, diretor da Central Globo de Jornalismo, isso não significa que as entrevistas serão iguais. "Serão perguntas diferentes para cada candidato, levando em conta as características de cada um e seus programas de governo."
Pelas regras acordadas, nenhum trecho poderá ser usado no horário gratuito. "E, se algum candidato atacar um adversário, este terá tempo, no dia seguinte, para se defender", diz Schroder.
Cogitou-se gravar as entrevistas pouco antes do telejornal, exibindo-as na íntegra e sem edição. Mas, na noite de sexta-feira, a direção da CGJ afirmou à Folha que os encontros serão ao vivo.
A experiência será inédita tanto para os candidatos quanto no histórico do telejornal em eleições. Antes dos presidenciáveis, apenas o jogador Ronaldo esteve ao vivo na bancada do "JN", às vésperas de partir para o Mundial.


Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local

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