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ELEIÇÕES 2006 / MÁQUINA PÚBLICA
Lula privilegia PT e aliados ao liberar verba de emendas
Empenho para propostas do PT somam R$ 93,7 mi, contra R$ 42,8 mi de PSDB e PFL
Partidos da base de apoio ao
governo, como o PC do B,
conseguem empenhar uma
proporção de emendas bem
maior do que os de oposição
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em ano eleitoral, cada petista está valendo quase quatro
tucanos e pefelistas na liberação de dinheiro público para
emendas parlamentares. Nos
primeiros seis meses do ano,
foram reservados para gastos
com emendas apresentadas pelo PT ao Orçamento da União
R$ 93,7 milhões. No mesmo período, PSDB e PFL juntos tiveram R$ 42,8 milhões de emendas empenhadas.
O volume total de emendas
do PT que cumpriram a primeira etapa do gasto público, o chamado "empenho", é mais do
que o dobro do valor de emendas de tucanos e pefelistas na
mesma situação. Mas a distorção ainda é maior quando comparados os tamanhos das bancadas dos partidos. São 92 deputados e senadores petistas
contra 153 do PFL e do PSDB.
Neste ano, cada deputado e
senador teve direito a apresentar emendas destinando recursos públicos para suas bases
eleitorais até o limite de R$ 5
milhões. A emenda equivale a
uma autorização de gasto. Depois da aprovação da lei orçamentária, cabe ao governo
apontar qual emenda receberá
ou não dinheiro dos impostos.
Há então a etapa preliminar
dos empenhos. Só depois ocorre o pagamento da despesa.
Tradicionalmente, os partidos aliados ao Planalto são beneficiados. Grande parte do dinheiro vai para a área de saúde.
Também concentram emendas
parlamentares obras de infra-estrutura em cidades.
A ONG Contas Abertas avaliou uma parcela de R$ 1,078 bilhão das emendas parlamentares, com destino claro. Desse
total, R$ 337 milhões foram objeto de compromisso de gasto
até 30 de junho. A partir dessa
data, a legislação eleitoral passa
a impor restrições à liberação
de dinheiro público.
A reserva de recursos públicos para emendas parlamentares se acelerou no último mês,
quando o governo bateu o recorde de compromissos de gastos com investimentos. Os recursos reservados para emendas somavam R$ 88,4 milhões
até 7 de junho. Nas três semanas seguintes, foram empenhados mais R$ 248,6 milhões.
Parte dessas despesas não
deverá ser honrada neste ano,
pois ultrapassa o limite de gastos fixado pelo governo para o
cumprimento de metas fiscais.
A análise do desempenho de
cada partido mostra que o PT
conseguiu empenhar 48,73%
das emendas que apresentou
ao Orçamento da União. O PFL,
16,82%. O PSDB, 13,81%.
O desempenho do PT foi semelhante ao do PC do B
(46,9%), integrante da aliança
que sustenta a candidatura do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva à reeleição. Dos demais
partidos que dão sustentação
ao governo no Congresso, o PL
foi o que registrou o menor volume de emendas empenhadas
até 30 de junho: 32,8%.
Entre os campeões em liberações estão o líder do governo
no Senado, Romero Jucá (RR),
que teve mais de R$ 4,8 milhões
de suas emendas empenhadas.
O senador José Sarney
(PMDB-AP) integra o grupo
dos recordistas, com mais de
R$ 4 milhões já empenhados.
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