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Renan pode ter ajudado cervejaria em Alagoas
Segundo a revista "Veja", senador teria conseguido evitar cobrança de débitos
Fábrica foi vendida pelo irmão do presidente do Senado por R$ 27 milhões; em nota, grupo Schincariol disse que "repudia ilações"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria beneficiado a Schincariol,
depois que a fabricante de cerveja comprou uma fábrica de
seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), segundo a
revista "Veja".
A revista afirma que a Schincariol adquiriu por R$ 27 milhões uma fábrica de Olavo em
Murici (AL), base eleitoral dos
Calheiros, quando a empreitada do deputado estaria prestes
a fechar. Segundo especialistas
ouvidos pela revista, o preço estaria acima do de mercado.
Após a conclusão do negócio,
diz a revista, Renan teria conseguido evitar a cobrança de uma
dívida de R$ 100 milhões da
Schincariol com o INSS e uma
outra, também milionária, com
a Receita Federal.
A Folha tentou contato ontem com o assessor e com o advogado de Renan, mas nenhum
dos dois ligou de volta até a
conclusão desta edição. Em nota, o grupo Schincariol disse
que "repudia as ilações que relacionam suas decisões de negócios a questões políticas".
A empresa não comentou os
números apresentados pela
"Veja", mas informou que investiu na região "mais de R$
400 milhões nos últimos dois
anos". A Schincariol confirmou
a compra da fábrica em Murici
e relacionou outros dois exemplos de investimentos em Igarassu (PE) e Horizonte (CE).
Um dos principais integrantes da tropa de choque de Renan no Senado, o senador Almeida Lima (PMDB-SE), um
dos três relatores do processo
no Conselho de Ética, não quis
comentar a nova acusação,
afirmando não ter lido a reportagem, mas defendeu o aliado,
de maneira irônica: "Eu acharia mais prudente que as pessoas levassem logo o Renan Calheiros à forca. A própria imprensa deve se transformar em
um tribunal, com uma forca na
praça dos Três Poderes".
Para o líder do Democratas
(ex-PFL) no Senado, José Agripino (RN), a nova suspeita "reforça a tese que já existia sobre
o preço da carne com valor superfaturado". No caso, é uma
referência ao valor da arroba
dos bois de Renan, cotados acima dos preços praticados nas
regiões Sul e Sudeste do país.
"Ao que tudo indica, não
quero prejulgar, parece que essa fábrica também tem um preço acima do valor de mercado",
diz Agripino. Para ele, é mais
um elemento a prejudicar a defesa. "O Renan está precisando
ajudar as pessoas que o defendem a formar convicção a seu
favor. Mas essa nova acusação
contribuirá com certeza no
sentido oposto".
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