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Notas frias encobriram propina, diz MPF
Procurador afirma que esquema simulava retirada de recursos do grupo Opportunity; advogados negam
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
afirma que o dinheiro usado
por emissários do banqueiro
Daniel Dantas para tentar subornar policiais que coordenavam a Operação Satiagraha foi
"esquentado" contabilmente
por meio de contratos simulados e notas fiscais frias. A acusação foi feita na denúncia oferecida à Justiça Federal de São
Paulo na última sexta-feira.
Segundo a acusação formal
apresentada pelo procurador
da República Rodrigo de Grandis, a empresa Igbraz, que pertence ao executivo Humberto
José Rocha Braz, foi a principal
peça de um esquema de simulações para encobrir a origem e o
objetivo dos recursos utilizados para tentar corromper os
policiais federais.
Braz e o empresário Hugo
Chicaroni foram condenados a
sete anos de prisão, e Dantas a
dez anos, em decisão de primeira instância do juiz da 6ª Vara
Criminal Federal de São Paulo,
Fausto Martin De Sanctis, pelo
oferecimento de suborno aos
delegados da Polícia Federal.
Os acusados de corrupção
ativa negam o crime e suas defesas já apresentaram recurso
ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região.
O texto da nova denúncia indica que "merece destaque, em
ordem a demonstrar o grau de
articulação do grupo criminoso
chefiado por Daniel Valente
Dantas, a constatação de que
notas fiscais emitidas pelas empresas de Humberto Braz foram utilizadas para dissimular
a retirada de recursos do grupo
Opportunity, os quais foram
oferecidos ao delegado de Polícia Federal Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira".
O advogado de Braz, Renato
de Moraes, disse ontem que a
acusação da procuradoria não
tem fundamento. "Todos os
serviços de consultoria prestados pela Igbraz ao grupo Opportunity foram efetivamente
realizados, nunca foram simulados. O que se infere de qualquer diálogo é uma interpretação que não corresponde à verdade. Em nenhum momento
qualquer atividade da empresa
Igbraz teve relação com alguma atividade ilícita ou relação
com o episódio que redundou
no processo sobre corrupção.
Isso é fruto de uma articulação
equivocada do Ministério Público Federal".
Andrei Zenkner Schmidt, advogado de Daniel Dantas e do
grupo Opportunity, afimou ontem: "negamos peremptoriamente, seja por essa empresa
[Igbraz] ou qualquer outra empresa, ou por meio de qualquer
outra prática, qualquer disponibilização de valores [para
corromper policiais]".
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