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Crianças e ativistas de vários países vão a Genebra protestar contra situação de menores
ONGs promovem marcha mundial
OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local
Organizações não-governamentais (ONGs) de vários países
pretendem realizar no primeiro
semestre de 98 a Marcha Global
contra o Trabalho Infantil.
Crianças e ativistas viajarão da
Ásia, da África e das Américas
rumo a Genebra, na Suíça, onde
devem chegar em junho, durante
reunião da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Segundo dados da OIT, há no
mundo cerca de 250 milhões de
crianças trabalhadoras entre 5 e
14 anos. No Brasil, são cerca de
4,5 milhões, segundo pesquisa
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Para constituir o grupo organizador no Brasil, esteve ontem em
São Paulo o secretário-geral da
marcha, o indiano Kailash Satyarthi, 43, diretor da Coalizão
contra a Servidão Infantil no Sul
da Ásia, entidade baseada em
Nova Déli, capital da Índia.
Satyarthi reuniu-se com representantes da CUT (Central Única
dos Trabalhadores), CGT (Central Geral dos Trabalhadores),
Força Sindical e entidades como
a Fundação Abrinq.
Na Ásia, o núcleo da marcha
-formado por cerca de 25
crianças e 25 adultos- sairá das
Filipinas e, durante cerca de quatro meses, viajará, na maior parte por via terrestre, até a Europa.
"Esse núcleo central será composto por crianças retiradas de
condições de trabalho muito
precárias e que têm um testemunho a dar", diz Satyarthi.
De acordo com Satyarthi, o
principal objetivo da marcha é
protestar contra o fim do trabalho empregado. "A proibição do
trabalho na família, desde que
respeite a saúde, a educação e a
liberdade da criança, é menos
consensual", afirmou o coordenador, que já organizou três
marchas na Índia. A maior delas,
em 94, percorreu 5.000 km.
Sua entidade também faz ações
de surpresa para libertar crianças em estado de escravidão. "Já
resgatamos cerca de 30 mil crianças", diz. Sathyarti implementou
um "selo social" para a indústria
de tapetes indianos. Ao comprar
um tapete com o selo, o consumidor sabe que ele não foi produzido com trabalho infantil.
A idéia de um selo social global
está sendo discutida no âmbito
da OIT e é motivo de polêmica
entre os países (leia reportagem
abaixo).
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