São Paulo, terça, 8 de julho de 1997.



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Crianças e ativistas de vários países vão a Genebra protestar contra situação de menores
ONGs promovem marcha mundial

OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local

Organizações não-governamentais (ONGs) de vários países pretendem realizar no primeiro semestre de 98 a Marcha Global contra o Trabalho Infantil. Crianças e ativistas viajarão da Ásia, da África e das Américas rumo a Genebra, na Suíça, onde devem chegar em junho, durante reunião da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Segundo dados da OIT, há no mundo cerca de 250 milhões de crianças trabalhadoras entre 5 e 14 anos. No Brasil, são cerca de 4,5 milhões, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para constituir o grupo organizador no Brasil, esteve ontem em São Paulo o secretário-geral da marcha, o indiano Kailash Satyarthi, 43, diretor da Coalizão contra a Servidão Infantil no Sul da Ásia, entidade baseada em Nova Déli, capital da Índia.
Satyarthi reuniu-se com representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), CGT (Central Geral dos Trabalhadores), Força Sindical e entidades como a Fundação Abrinq.
Na Ásia, o núcleo da marcha -formado por cerca de 25 crianças e 25 adultos- sairá das Filipinas e, durante cerca de quatro meses, viajará, na maior parte por via terrestre, até a Europa.
"Esse núcleo central será composto por crianças retiradas de condições de trabalho muito precárias e que têm um testemunho a dar", diz Satyarthi.
De acordo com Satyarthi, o principal objetivo da marcha é protestar contra o fim do trabalho empregado. "A proibição do trabalho na família, desde que respeite a saúde, a educação e a liberdade da criança, é menos consensual", afirmou o coordenador, que já organizou três marchas na Índia. A maior delas, em 94, percorreu 5.000 km.
Sua entidade também faz ações de surpresa para libertar crianças em estado de escravidão. "Já resgatamos cerca de 30 mil crianças", diz. Sathyarti implementou um "selo social" para a indústria de tapetes indianos. Ao comprar um tapete com o selo, o consumidor sabe que ele não foi produzido com trabalho infantil.
A idéia de um selo social global está sendo discutida no âmbito da OIT e é motivo de polêmica entre os países (leia reportagem abaixo).



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