São Paulo, terça, 8 de julho de 1997.



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Empresários brasileiros resistem a 'selo social'

da Reportagem Local

Os empresários brasileiros resistem à idéia de criação de um "selo social" a ser atribuído aos produtos de países respeitadores de direitos básicos do trabalho.
A proposta está em discussão na Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas foi provisoriamente colocada de lado por falta de consenso entre a maioria dos 174 países membros.
A Folha ouviu sete empresários brasileiros. A principal crítica é que o selo seria mais um instrumento à disposição dos países desenvolvidos de proteção de seus mercados.
"Se os países desenvolvidos se preocupam com as condições de trabalho, que ofereçam condições melhores para os produtos dos países em desenvolvimento", disse Mario Amato, ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
"Essa medida, embora bem intencionada, poderia resultar em mais uma barreira tarifária", afirmou à Folha José Mindlin, 83, membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.
Segundo Mindlin, o selo só deveria ser criado após um "período de carência" para que os países pudessem se ajustar.
Para Luiz Fernando Furlan, 50, presidente do Conselho de Administração do Grupo Sadia, o selo social pode ser mais um "instrumento agravador do protecionismo disfarçado".
"Não há equação para a prosperidade sem crescimento econômico e educação. Os efeitos colaterais dessas cláusulas são mais danosos", afirma.
Já o coordenador nacional do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), Eduardo Capobianco, 45, considera que o selo deve ser incluído numa discussão de "patamares mínimos de competitividade".
"É necessário analisar os custos de produção dos países e compará-los, assim como incluir no debate temas como taxas de juros e infra-estrutura", diz.
Para Joel Korn, 50, presidente da Câmara de Comércio Americana, "atrelar o comércio a condicionantes sociais" dificulta ainda mais a competição.
Para José Aoad Raya, 53, presidente da Associação Brasileira de Fundição, essa "é uma questão da área do trabalho e não da área comercial".
O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, 57, apóia integralmente a idéia. "Não dá para a economia crescer a qualquer custo. O econômico está ligado ao social", afirmou.



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