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Empresários brasileiros resistem a 'selo social'
da Reportagem Local
Os empresários brasileiros resistem à idéia de criação de um
"selo social" a ser atribuído aos
produtos de países respeitadores
de direitos básicos do trabalho.
A proposta está em discussão
na Organização Internacional do
Trabalho (OIT), mas foi provisoriamente colocada de lado por
falta de consenso entre a maioria
dos 174 países membros.
A Folha ouviu sete empresários brasileiros. A principal crítica é que o selo seria mais um instrumento à disposição dos países
desenvolvidos de proteção de
seus mercados.
"Se os países desenvolvidos se
preocupam com as condições de
trabalho, que ofereçam condições melhores para os produtos
dos países em desenvolvimento", disse Mario Amato, ex-presidente da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
"Essa medida, embora bem
intencionada, poderia resultar
em mais uma barreira tarifária",
afirmou à Folha José Mindlin,
83, membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.
Segundo Mindlin, o selo só deveria ser criado após um "período de carência" para que os países pudessem se ajustar.
Para Luiz Fernando Furlan, 50,
presidente do Conselho de Administração do Grupo Sadia, o
selo social pode ser mais um
"instrumento agravador do
protecionismo disfarçado".
"Não há equação para a prosperidade sem crescimento econômico e educação. Os efeitos
colaterais dessas cláusulas são
mais danosos", afirma.
Já o coordenador nacional do
PNBE (Pensamento Nacional
das Bases Empresariais), Eduardo Capobianco, 45, considera
que o selo deve ser incluído numa discussão de "patamares mínimos de competitividade".
"É necessário analisar os custos de produção dos países e
compará-los, assim como incluir
no debate temas como taxas de
juros e infra-estrutura", diz.
Para Joel Korn, 50, presidente
da Câmara de Comércio Americana, "atrelar o comércio a condicionantes sociais" dificulta
ainda mais a competição.
Para José Aoad Raya, 53, presidente da Associação Brasileira de
Fundição, essa "é uma questão
da área do trabalho e não da área
comercial".
O presidente da Federação do
Comércio do Estado de São Paulo, Abram Szajman, 57, apóia integralmente a idéia. "Não dá para a economia crescer a qualquer
custo. O econômico está ligado
ao social", afirmou.
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