São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Nacional burlou controles"

da Reportagem Local

"Se não houvesse a intenção do Nacional de burlar os controles regulares, fatalmente a KPMG teria levantado o problema", afirmou o auditor Marco Aurélio Diniz Maciel, da KPMG, ao depor na fase de inquérito policial.
Ele disse que não foi possível identificar as fraudes em tempo oportuno porque "o Nacional criou um sofisticado sistema voltado para ludibriar auditores, o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários)".
Maciel disse que viu "com surpresa" o resultado da comissão de inquérito do Banco Central, apontando a existência de fraudes.
"As auditorias externas foram feitas pela KPMG segundo normas e procedimentos usuais da profissão de auditor", disse Maciel.
Segundo ele, "as auditorias não têm por objetivo a detecção de fraude, embora indiretamente esse objetivo persista através de alguns procedimentos".
Ainda segundo os autos, ele "não se recorda de que tenha tomado conhecimento de que, de 1987 a 1992, a fiscalização do BC detectara diversos problemas operacionais do Nacional, incluindo falta de qualidade da carteira de crédito, situação financeira desconfortável, baixos resultados operacionais e grande deficiência dos controles internos".

Relação profissional
Em seus depoimentos, Antônio Luiz Feijó Nicolau, ex-funcionário da KPMG, negou que tivesse conhecimento das chamadas contas de "natureza 917".
Disse que o relacionamento da auditoria externa com a administração do banco era "extremamente profissional".
Ele negou influência de ex-funcionários da KPMG na escolha dos auditores externos.
Feijó disse que "não é auditor desde 1986", e que "desconhece a metodologia" da KPMG.
Alceu Landi, presidente da KPMG, disse, em seu depoimento, que é praxe de empresas auditadas, na eventualidade de necessitar de profissionais qualificados nas áreas de contabilidade, procurar funcionários de firmas de auditoria, a exemplo da KPMG.
"Embora essa seja uma prática no mercado, em princípio não há por que se preocupar com essas movimentações de profissionais, até porque a hipótese de que tais movimentações tenham algum propósito de fraude jamais foi aventada pela KPMG", disse.
(FV)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.