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Governadores e
prefeitos articulam
lobby com oposição
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Bem mais discreto que o protesto de servidores e juízes contra a reforma das aposentadorias, o lobby de governadores e
prefeitos já tem um grande
trunfo para a votação da reforma tributária: o apoio do
PMDB e das bancadas de oposição ao governo -PFL e
PSDB- para repartir a arrecadação da CPMF e da Cide com
Estados e prefeituras.
O trunfo de governadores e
prefeitos representa, até aqui, o
maior obstáculo político aos
planos de reforma tributária do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Sem os votos dos três
partidos de oposição -dos
quais pelo menos 40% dos deputados apoiaram os pontos
mais polêmicos da reforma da
Previdência - dificilmente haverá reforma tributária.
Atualmente, a União só reparte com Estados e municípios uma parcela da arrecadação do Imposto de Renda e do
IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados). A CPMF, cobrada sobre movimentações financeiras, e a Cide, incidente
sobre o consumo de combustíveis, renderam juntas mais de
R$ 2 bilhões em junho, de acordo com o dado mais atualizado
da Receita Federal.
Nota técnica preparada pelo
economista José Roberto Afonso para o PSDB diz que, embora o repasse dos fundos de participação dos Estados e municípios tenha aumentado em R$ 2
bilhões no primeiro semestre
do governo Lula, governadores
e prefeitos tiveram acesso a
apenas 10% do ganho de receita obtido no período. O resultado foi batizado de "efeito recentralizador do leão petista".
Assim como os prefeitos reclamam da queda de 17,3% do
Fundo de Participação dos Municípios (a parcela que lhes cabe do IR e do IPI), os governadores se queixam da queda de
arrecadação do ICMS -o
principal imposto cobrado nos
Estados.
Em São Paulo, a queda teria
sido de 13% no primeiro semestre do ano, comparada ao
mesmo período do ano passado. E a culpa foi atribuída ao
ritmo lento da economia. "Sendo o ICMS um imposto altamente sensível ao desempenho
do produto, quando tal desempenho é fraco, a receita do
ICMS tende a cair", sustenta
Afonso para o PSDB, cujos governadores têm influência sobre as bancadas de São Paulo e
Minas, as maiores da Câmara.
A bancada do PMDB no Senado (a maior da Casa) lançou
até manifesto na quarta-feira
favorável "à justa reivindicação" de partilhar as receitas da
CPMF e da Cide: "O Senado é a
Casa da Federação. Não pode
-e não vai ficar- indiferente
a tal crise".
O PFL insiste em que a União
reparta com Estados e municípios parcela da arrecadação de
todas as contribuições, que representam cerca de 55% da arrecadação federal, incluindo
aquelas que incidem sobre lucro e faturamento das empresas. Maior bancada oposicionista na Câmara, o PFL formalizou a proposta e estuda exigir
os votos de seus deputados e
senadores ou "fechar questão",
como se diz no Congresso.
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