São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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Não gosto deste "rouba, mas faz", afirma taxista

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os taxistas de São Paulo já não dão carona eleitoral facilmente para Paulo Maluf (PP), como em anos anteriores, mas também não embarcaram de vez na prefeita Marta Suplicy (PT). Dividida, a categoria, que já foi uma das principais defensoras do ex-prefeito, anda em marcha lenta quando o assunto é a eleição municipal.
Numericamente, os taxistas até que não representam muito. Segundo a prefeitura, são 32 mil na cidade, enquanto os motoboys somam cerca de 200 mil. Mas a multiplicação de idéias, por conta dos milhares de passageiros que transportam diariamente, faz essa categoria ter um certo poder na influência do eleitorado. Quanto mais novo o motorista, menos propensão a votar em Maluf.
Por enquanto, a influência deste profissional do volante, meio confessor, meio psicólogo, como definem alguns, está dividida. "Não sou eleitor do Maluf", diz Carlos Alberto Ferreira, 39, taxista há sete anos. Ele está dividido entre a prefeita e o tucano José Serra.
"A Marta está fazendo um estrago nas vias da cidade, com tanta obra ao mesmo tempo", aponta. "Mas devo confessar que a administração dela me surpreendeu positivamente", elogia. Ferreira rejeita o axioma de que Maluf é o candidato da categoria. "Não gosto desta coisa de "rouba, mas faz'", diz, aludindo a um slogan popular do tempo do ex-governador Adhemar de Barros, que opositores querem afixar no ex-prefeito.
Colega de ponto de Ferreira, Alcides Hernandes, 46, taxista há 22 anos, é só elogio a Maluf, a quem define como "o preferido da classe". Hernandes explica a admiração e o voto no ex-prefeito afirmando que "ele sempre ajudou os motoristas". De que forma? "Aumentando a tarifa sem tanta burocracia, facilitando a aquisição de carro quando foi governador."
Wagner Barbosa Lucena, 34, há quatro anos dirigindo táxi, ainda não se definiu, mas, pelo andar do carro, pode acabar com Serra. "O melhor, até então, dizem que é o Serra", afirma. "O Maluf é um cabra bom, mas, pelo jeito, não vai conseguir nada por causa das acusações", avalia, a respeito das denúncias contra o ex-prefeito.
Sobre a administração de Marta, Lucena também não tem convicção. "Quando terminarem as obras que está fazendo, acho que vai ser bom, mas do jeito que está, a categoria tem sido prejudicada."
Decidido está Fernando Alves Bezerra, 41. "No PT, não voto nem nunca votei." Bezerra, que há 10 anos é taxista, critica o partido da prefeita por ser "muito rigoroso".
Ele exemplifica dizendo que o Departamento de Transporte Público da prefeitura impede os motoristas de trabalharem com "um pneu meia-vida". Convicto na crítica ao PT, ele só não definiu seu voto. Está entre Serra e Maluf.
Presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo há quase 20 anos, Natalício Bezerra (PTB), candidato a vereador, reconhece que a categoria está dividida. "Antigamente, 90% eram malufistas." Seu partido é da coligação que apóia Marta, mas nem por isso ele diz em quem vota.


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