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Justiça bloqueia conta atribuída a irmão do presidente do Metrô
Promotores brasileiros e suíços investigam suspeita de que conta na Suíça recebeu recursos ilegais da empresa Alstom
Mesma decisão congelou
uma conta atribuída a outro suspeito no caso, Robson Marinho, conselheiro do TCE; ele nega ter conta na Suíça
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de uma conta
na Suíça atribuída a Jorge Fagali Neto, irmão do presidente
do Metrô, por ter indícios de
que ela recebeu recursos ilegais
da Alstom. A mesma decisão
bloqueia uma conta também na
Suíça atribuída a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal
de Contas do Estado de São
Paulo e segundo homem na
hierarquia no primeiro governo de Mario Covas (1995-1999).
A Folha revelou no final de
junho que a Suíça havia bloqueado uma conta atribuída a
Marinho. Tanto Marinho
quanto Fagali Neto negam ter
contas na Suíça. A Alstom está
sob investigação no Brasil e na
Suíça por suspeitas de ter pago
propina para obter negócios
com políticos tucanos.
A decisão foi tomada pela juíza Maria Gabriela Spaolonzi,
da 13ª Vara de Fazenda Pública. Ela concedeu liminar solicitada pelos promotores Silvio
Marques, Saad Mazloum e Mario Sarrubbo, da Promotoria do
Patrimônio Público e Social.
Perto de R$ 20 mi
A conta atribuída a Fagali
Neto foi aberta no Banque Safdié de Genebra e recebeu perto
de R$ 20 milhões. Os depósitos
somam US$ 10.558.069 (R$
19,3 milhões em valores atuais)
e 211 mil (R$ 546,4 mil) até
setembro de 2003, segundo documentos do Ministério Público da Suíça.
As últimas informações dos
promotores suíços mostram
que a conta de Fagali Neto tem
um saldo de cerca de US$ 7,5
milhões (R$ 13,7 milhões). Ele
foi diretor financeiro do Metrô
em 1993 e secretário de Transportes em 1994 (governo de
Fleury Filho). Seu último cargo
público foi no departamento de
projetos especiais do Ministério da Educação entre 2000 e
2003, na gestão do ministro
Paulo Renato.
Em outubro de 2003, um
mês depois de a conta atribuída
a Fagali Neto ter recebido recursos da Alstom, o governador
de São Paulo à época, Geraldo
Alckmin (PSDB), assinou o
contrato para a construção da
linha 4-Amarela, um negócio
de R$ 1,8 bilhão. A Alstom integra o consórcio que faz a linha.
Em setembro de 2003, o irmão de Fagali Neto, José Jorge
Fagali, era gerente de custos do
Metrô. Em 2007, meses depois
de um acidente num túnel da
linha 4-Amarela que matou sete pessoas, foi nomeado presidente da empresa pelo governador José Serra (PSDB).
O dinheiro que está na conta
atribuída a Fagali Neto saiu da
Alstom e passou por pelo menos três outras contas até chegar ao Banque Safdié, de acordo com a documentação suíça.
O trânsito do dinheiro por
outras contas foi uma forma de
tentar despistar que a origem
do dinheiro era a Alstom, segundo promotores brasileiros.
As duas contas já haviam sido bloqueadas pelo Ministério
Público da Suíça. A concessão
de liminar pela 13ª Vara de Fazenda Pública tem como objetivo evitar que a Justiça suíça
suspenda o bloqueio, sob alegação de que o Brasil não teria interesse pelo caso por não ter
tomado nenhuma decisão judicial sobre aqueles valores. Serve também para preparar o terreno jurídico para eventual repatriamento de recursos.
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