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SUCESSÃO
Estratégia tucana de apresentar propostas setoriais junto com petistas repercute, avaliam assessores do partido
Para PT, divulgação de FHC obscurece Lula
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
A estratégia do presidente Fernando Henrique Cardoso de divulgar ações de governo logo depois de Luiz Inácio Lula da Silva
apresentar suas propostas para
determinadas áreas está deixando
o principal adversário do tucano
em situação ainda mais complicada, na avaliação de dirigentes petistas.
FHC anunciou medidas para
combater o desemprego anteontem, dois dias após Lula ter apresentado seu programa de geração
de empregos.
"Como ele (FHC) é governo,
tem muito mais espaço na mídia.
Isso obscurece as propostas da
oposição", avalia o economista
Guido Mantega, um dos formuladores do programa de governo de
Lula. "Mesmo tendo apresentado
medidas inócuas para enfrentar o
desemprego, pode parecer para a
população que o governo está de
fato fazendo alguma coisa para resolver o problema", completa.
Depois das críticas que sofreu
por ter apresentado um plano de
governo muito genérico, Lula dividiu a campanha em temas. Semanalmente, ele divulga o detalhamento de seu programa para
certa área. Já lançou as propostas
para agricultura, saúde e emprego.
Numa contra-ofensiva, o governo
tem anunciado ações para os mesmos setores.
"É muito difícil enfrentar a máquina do governo. O único espaço
que teremos para explicar nossas
propostas será o horário eleitoral
gratuito", diz o petista Aloizio
Mercadante.
O economista Jorge Mattoso,
um dos formuladores do programa de governo de Lula, é mais otimista. Acha que o "duelo de propostas" entre Lula e FHC é positivo, porque "mostra que a oposição tem projetos".
Os economistas do PT criticaram as medidas anunciadas por
FHC para combater o desemprego. Na opinião de Mattoso, propostas como a redução da jornada
de trabalho para 25 horas não atacam o problema.
"O que vai gerar mais empregos
é o investimento no crescimento
da economia. O governo está entrando naquela velha ladainha da
flexibilização do mercado de trabalho e da multiplicação das formas de contratação. Isso acontece
na Espanha, campeão do desemprego na Europa", afirma Jorge
Mattoso.
Lula propõe a criação de cerca de
15 milhões de postos de trabalho
em quatro anos, incentivando setores como agricultura, turismo e
construção civil. O custo seria de,
pelo menos, R$ 13 bilhões anuais.
Na próxima semana, o candidato lança o plano para a educação.
Entre as medidas, estão implantação da Bolsa-Escola para atender 4
milhões de famílias carentes que
mantenham filhos entre 7 e 14
anos na escola, mutirão para acabar com o analfabetismo e fortalecimento do ensino técnico.
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