São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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SUCESSÃO
Estratégia tucana de apresentar propostas setoriais junto com petistas repercute, avaliam assessores do partido
Para PT, divulgação de FHC obscurece Lula

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

A estratégia do presidente Fernando Henrique Cardoso de divulgar ações de governo logo depois de Luiz Inácio Lula da Silva apresentar suas propostas para determinadas áreas está deixando o principal adversário do tucano em situação ainda mais complicada, na avaliação de dirigentes petistas.
FHC anunciou medidas para combater o desemprego anteontem, dois dias após Lula ter apresentado seu programa de geração de empregos.
"Como ele (FHC) é governo, tem muito mais espaço na mídia. Isso obscurece as propostas da oposição", avalia o economista Guido Mantega, um dos formuladores do programa de governo de Lula. "Mesmo tendo apresentado medidas inócuas para enfrentar o desemprego, pode parecer para a população que o governo está de fato fazendo alguma coisa para resolver o problema", completa.
Depois das críticas que sofreu por ter apresentado um plano de governo muito genérico, Lula dividiu a campanha em temas. Semanalmente, ele divulga o detalhamento de seu programa para certa área. Já lançou as propostas para agricultura, saúde e emprego. Numa contra-ofensiva, o governo tem anunciado ações para os mesmos setores.
"É muito difícil enfrentar a máquina do governo. O único espaço que teremos para explicar nossas propostas será o horário eleitoral gratuito", diz o petista Aloizio Mercadante.
O economista Jorge Mattoso, um dos formuladores do programa de governo de Lula, é mais otimista. Acha que o "duelo de propostas" entre Lula e FHC é positivo, porque "mostra que a oposição tem projetos".
Os economistas do PT criticaram as medidas anunciadas por FHC para combater o desemprego. Na opinião de Mattoso, propostas como a redução da jornada de trabalho para 25 horas não atacam o problema.
"O que vai gerar mais empregos é o investimento no crescimento da economia. O governo está entrando naquela velha ladainha da flexibilização do mercado de trabalho e da multiplicação das formas de contratação. Isso acontece na Espanha, campeão do desemprego na Europa", afirma Jorge Mattoso.
Lula propõe a criação de cerca de 15 milhões de postos de trabalho em quatro anos, incentivando setores como agricultura, turismo e construção civil. O custo seria de, pelo menos, R$ 13 bilhões anuais.
Na próxima semana, o candidato lança o plano para a educação. Entre as medidas, estão implantação da Bolsa-Escola para atender 4 milhões de famílias carentes que mantenham filhos entre 7 e 14 anos na escola, mutirão para acabar com o analfabetismo e fortalecimento do ensino técnico.



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