São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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JORNALISMO

Diretoria da Fenaj assume sob acusação de fraudes

LUIZ MAKLOUF CARVALHO
da Reportagem Local

A diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) para o triênio 1998/2001 toma posse hoje, no Rio de Janeiro, sob a suspeita de irregularidades e a admissão, por escrito, que as listas de votantes nas eleições de São Paulo foram destruídas.
A jornalista Beth Costa, nova presidente da entidade, disse à Folha que "o processo eleitoral foi tumultuado e impreciso em várias coisas, mas a diretoria é legítima".
Realizadas entre 29 e 31 de julho, com chapa única, as eleições diretas e nacionais (são 31 sindicatos filiados) não obtiveram o quórum mínimo necessário para validá-la - 30% dos 12.161 jornalistas aptos a votar, ou 3.648 votantes.
Segundo a ata da Comissão Eleitoral Nacional, do último dia 4, foram computados 3.501 votos válidos (28,79%).
Não houve quórum em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Brasília - Estados onde a categoria é numerosa.
A diretoria vai tomar posse assim mesmo, porque a Comissão de Representantes (um integrante de cada sindicato) decidiu rebaixar o número de votantes anteriormente estabelecido. A reunião da comissão foi realizada na última quinta-feira, com 17 dos 31 participantes, durante o congresso nacional da categoria, no Hotel Glória (RJ).
Além de rebaixar o número, a comissão decidiu não levar a questão à plenária do congresso.
Dos 12.161 aptos a votar, passaram a valer 11.124, o que então deu um quórum de 31,4%. Para que isso fosse possível, deixaram de ser computados os resultados de Acre, Londrina, Mato Grosso do Sul, Sergipe e dos Estados que não realizaram as eleições.
Em São Paulo - onde votaram 753 de 3.519 aptos a votar - as listas de votação foram destruídas por decisão da Comissão Eleitoral, segundo ata do último dia 3, assinada por seus integrantes Amilton Vieira, Durval Castro Martins e Silvio Berenganni.
"A comissão, tendo em vista que tudo já foi conferido e reconferido, delibera que as listas de votantes devem ser destruídas", afirma a ata obtida pela Folha.
A decisão foi tomada depois que o jornalista Igor Fuser, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e integrante do grupo de oposição à atual diretoria, solicitou formalmente cópias das listas, "diante das suspeitas de que tenha ocorrido fraude nesse Estado". A suspeita se baseia, segundo Fuser, no "súbito aumento do número de eleitores em São Paulo duas horas antes do término das eleições".
Na ata em que decidiu pela destruição das listas, a comissão eleitoral acusa Fuser de "pressionar os jornalistas a não votar, chegando a puxar o braço de uma moça que ia votar dizendo que a decisão era para não votar". A ata não traz o nome da moça.
Fuser nega a acusação. "O que aconteceu nas eleições da Fenaj é um escândalo que torna o resultado completamente ilegítimo", diz. Carlos Alberto de Almeida, vice-presidente da atual gestão.



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