São Paulo, segunda, 8 de setembro de 1997.



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Número de ligações cresceu 661,5% até julho

da Sucursal do Rio

De janeiro a julho deste ano, o volume mensal de ligações telefônicas para concorrer aos sorteios de prêmios cresceu 661,5%. O espectador é estimulado a apostar. A televisão exibe carros luxuosos e basta discar o telefone indicado na tela para participar do sorteio.
Segundo a Telebrás, em janeiro, 1,33 milhão de ligações foram feitas para esses tipos de programas em todo o país. Em março, o número havia quase triplicado e atingiu 3,9 milhões de chamadas.
Um mês depois, em abril, já atingia 6,2 milhões de chamadas. Com a entrada da Globo, houve um novo salto, em julho, e o número pulou para 9,9 milhões. Como cada ligação custa R$ 3, a arrecadação bruta dos sorteios passou de R$ 3,9 milhões em janeiro para R$ 29,7 milhões em julho.
A indústria dos sorteios já arrecadou R$ 119,6 milhões neste ano, de acordo com os números da Telebrás. A maior parte desse bolo foi dividida entre a própria Telebrás, as emissoras de TV e as administradoras dos sorteios.
A Embratel (subsidiária da Telebrás) fica com um percentual de 15% a 25% da arrecadação -dependendo do volume de chamadas- apenas para lançar as ligações do serviço 0900 nas contas telefônicas. A Telebrás cobra ainda o valor das chamadas.
Assim, o Sistema Telebrás repassa no máximo 85% do total arrecadado para a empresa contratada pela entidade filantrópica para administrar o sorteio. Duas organizações dominam esse mercado: o consórcio Teletv, que coordena os sorteios na Globo, CNT, Manchete e SBT, e a Abba Telecomunicações, que administra os sorteios na Record.
O gerente geral da Abba, Gilberto Rosa, disse que a Record fica, em média, com 30% da receita para divulgar os sorteios. A Abba, segundo ele, fica com cerca de 19% para fazer o processamento eletrônico e a organização do sorteio.
A Teletv não revela os percentuais destinados à Globo, SBT, Manchete e CNT e nem a parcela da receita que lhe cabe.
A portaria do Ministério da Justiça que aprovou os sorteios determinou que 3% da receita total deve ir para o Fundo Nacional Penitenciário, 1%, para o Fundo Nacional de Cultura, e 0,5% da receita líquida deve ser recolhida ao Fundo Nacional da Criança e do Adolescente pela entidade filantrópica responsável pelo sorteio.
José Gaspar de Souza, chefe da divisão de orçamento do Departamento Penitenciário do Ministério da Justiça, disse à Folha que o Fundo Nacional Penitenciário recebeu, até agora, R$ 1,018 milhão proveniente desses sorteios.
Segundo ele, a expectativa é de que o valor suba para algo entre R$ 500 mil e R$ 700 mil por mês, como reflexo da entrada da Globo no mercado. Gaspar de Souza disse que, até o momento, só a Teletv repassou dinheiro para o fundo. "A Abba nos consultou sobre a forma de encaminhar o dinheiro, mas ainda não recebemos nada dela", afirmou.
Há duas semanas, o secretário Nacional de Direitos Humanos, José Gregori, enviou cartas às entidades filantrópicas cobrando o recolhimento de 0,5% da receita líquida dos sorteios para o Fundo Nacional da Criança e do Adolescente. Até aquele momento, segundo sua assessoria, nada havia sido repassado.
A Federação Nacional das Apaes informou ter depositado, na semana passada, R$ 6.875,30 na conta do fundo, ou seja, 0,5% do R$ 1,37 milhão arrecadado pelas Apaes em 130 sorteios realizados de dezembro do ano passado a abril deste ano. (ELVIRA LOBATO)



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