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Número de ligações cresceu 661,5% até julho
da Sucursal do Rio
De janeiro a julho deste ano, o
volume mensal de ligações telefônicas para concorrer aos sorteios
de prêmios cresceu 661,5%. O espectador é estimulado a apostar. A
televisão exibe carros luxuosos e
basta discar o telefone indicado na
tela para participar do sorteio.
Segundo a Telebrás, em janeiro,
1,33 milhão de ligações foram feitas para esses tipos de programas
em todo o país. Em março, o número havia quase triplicado e atingiu 3,9 milhões de chamadas.
Um mês depois, em abril, já atingia 6,2 milhões de chamadas. Com
a entrada da Globo, houve um novo salto, em julho, e o número pulou para 9,9 milhões. Como cada
ligação custa R$ 3, a arrecadação
bruta dos sorteios passou de R$ 3,9
milhões em janeiro para R$ 29,7
milhões em julho.
A indústria dos sorteios já arrecadou R$ 119,6 milhões neste ano,
de acordo com os números da Telebrás. A maior parte desse bolo foi
dividida entre a própria Telebrás,
as emissoras de TV e as administradoras dos sorteios.
A Embratel (subsidiária da Telebrás) fica com um percentual de
15% a 25% da arrecadação -dependendo do volume de chamadas- apenas para lançar as ligações do serviço 0900 nas contas telefônicas. A Telebrás cobra ainda o
valor das chamadas.
Assim, o Sistema Telebrás repassa no máximo 85% do total arrecadado para a empresa contratada
pela entidade filantrópica para administrar o sorteio. Duas organizações dominam esse mercado: o
consórcio Teletv, que coordena os
sorteios na Globo, CNT, Manchete
e SBT, e a Abba Telecomunicações, que administra os sorteios na
Record.
O gerente geral da Abba, Gilberto Rosa, disse que a Record fica,
em média, com 30% da receita para divulgar os sorteios. A Abba, segundo ele, fica com cerca de 19%
para fazer o processamento eletrônico e a organização do sorteio.
A Teletv não revela os percentuais destinados à Globo, SBT,
Manchete e CNT e nem a parcela
da receita que lhe cabe.
A portaria do Ministério da Justiça que aprovou os sorteios determinou que 3% da receita total deve
ir para o Fundo Nacional Penitenciário, 1%, para o Fundo Nacional
de Cultura, e 0,5% da receita líquida deve ser recolhida ao Fundo
Nacional da Criança e do Adolescente pela entidade filantrópica
responsável pelo sorteio.
José Gaspar de Souza, chefe da
divisão de orçamento do Departamento Penitenciário do Ministério
da Justiça, disse à Folha que o Fundo Nacional Penitenciário recebeu, até agora, R$ 1,018 milhão
proveniente desses sorteios.
Segundo ele, a expectativa é de
que o valor suba para algo entre R$
500 mil e R$ 700 mil por mês, como reflexo da entrada da Globo no
mercado. Gaspar de Souza disse
que, até o momento, só a Teletv repassou dinheiro para o fundo. "A
Abba nos consultou sobre a forma
de encaminhar o dinheiro, mas
ainda não recebemos nada dela",
afirmou.
Há duas semanas, o secretário
Nacional de Direitos Humanos,
José Gregori, enviou cartas às entidades filantrópicas cobrando o recolhimento de 0,5% da receita líquida dos sorteios para o Fundo
Nacional da Criança e do Adolescente. Até aquele momento, segundo sua assessoria, nada havia
sido repassado.
A Federação Nacional das Apaes
informou ter depositado, na semana passada, R$ 6.875,30 na conta
do fundo, ou seja, 0,5% do R$ 1,37
milhão arrecadado pelas Apaes em
130 sorteios realizados de dezembro do ano passado a abril deste
ano.
(ELVIRA LOBATO)
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