São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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INDEPENDÊNCIA

Com verbas reduzidas, Forças Armadas desfilam com poucas atrações

Austeridade marca último Sete de Setembro da era FHC

Sergio Lima/Folha Imagem
O presidente Fernando Henrique Cardoso acena para o público durante desfile em comemoração do Sete de Setembro, em Brasília


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desfile de Sete de Setembro em Brasília foi marcado pela austeridade, com poucos carros de combate e sem o tradicional sobrevôo dos caças Mirage. Após o desfile, o presidente Fernando Henrique Cardoso agradeceu o apoio e a compreensão dos militares, que tiveram expressivo corte de verbas neste ano.
Militares mais graduados comentavam no coquetel oferecido pela Presidência da República no QG do Exército sobre uma nova liberação de recursos para o Ministério da Defesa cobrir despesas com custeio. Segundo a Folha apurou, a verba será anunciada nos próximos dias e terá valor semelhante ao da última liberação, cerca de R$ 300 milhões.
Com o decreto 4.309, de julho deste ano, o governo cortou cerca de R$ 3 bilhões do orçamento da Defesa. Esse corte provocou a dispensa antecipada de 44 mil recrutas, o atraso no programa nuclear, a redução do horário de expediente e a suspensão da manutenção de máquinas e equipamentos.
Num discurso de três minutos, FHC lembrou que estava presidindo o desfile pela última vez e disse que gostaria de confraternizar com as três armas -Exército, Marinha e Aeronáutica.
O presidente afirmou que sempre teve o apoio dos militares e que, se não fez mais, "foi porque não foi possível". Acrescentou que, até por laços familiares, tem uma ligação muito forte com os militares. O seu pai, Leônidas Cardoso, era general do Exército.
O coquetel também foi marcado pela simplicidade, com vinho tinto e branco nacional (Miolo), refrigerantes, água e canapés. O presidente foi recebido no gabinete do comandante do Exército, general Gleuber Vieira, onde ficou por alguns minutos, acompanhado pelo ministro da Defesa, Geraldo Quintão, e pelos comandantes da Marinha, Sérgio Chagasteles, e da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista.
FHC foi recebido com indiferença pelos populares em seu último desfile de Sete de Setembro no exercício da Presidência. Algumas vaias isoladas e aplausos foram ouvidos durante o seu desfile em carro aberto. Os veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira), que se apresentaram na abertura do desfile, foram mais aplaudidos do que o presidente.
Mais curto do que os desfiles anteriores e sem os aviões e helicópteros por conta do corte no Orçamento da Defesa, a parada deste ano reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, e cerca de 10 mil pessoas de acordo com a Polícia do Exército.
O efetivo usado este ano foi de 4.750 militares e 240 veículos. Em 2001, foi de 5.300 militares e 250 veículos. Em 2000, o desfile teve 300 veículos. (LÚCIO VAZ, SANDRO LIMA, MARIANA MAINENTI, SÍLVIA FREIRE, IURI DANTAS e HUMBERTO MEDINA)


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