São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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PT estuda criar conselho de economistas caso vença

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT estuda a criação de um conselho nacional de economistas para assessorar a Presidência da República, em caso de vitória de seu candidato, Luiz Inácio Lula da Silva.
Seria uma forma de emprestar ao governo petista a credibilidade junto ao mercado que o candidato tanto busca e que tem histórica dificuldade em conseguir.
O conselho, que seria implantado já durante o período de transição, teria a função de oferecer diagnósticos e alternativas ao presidente. A composição giraria em torno de algo como dez economistas, misturando "notáveis" oriundos da academia e do mercado. Não haveria veto a que ex-diretores do Banco Central e mesmo ex-ministros o componham.
A idéia é que a maioria desses economistas esteja fora dos quadros do PT, mas afinados com a orientação geral do governo.
A tese de criar o conselho existe entre os economistas do núcleo dirigente da campanha. Lula ainda não se posicionou formalmente, mas chegou a mencionar a idéia em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, na semana passada.
O formato exato e a composição do conselho só seriam definidos após a eventual vitória de Lula. Alguns princípios básicos que o norteariam já são consensuais no comando da campanha de Lula, no entanto.
Seria interessante, na visão do partido, que pelo menos um dos integrantes fosse de uma linha ideológica diferente da seguida pelo PT.
"Este conselho seria a antena econômica do governo, analisando fatos de grande repercussão e sugerindo caminhos e procedimentos", diz Guido Mantega, principal assessor econômico de Lula. O modelo a ser seguido seria o dos EUA, onde há um conselho econômico para assessorar a Casa Branca.
Nenhum economista foi até agora sondado ou convidado. Dentro do partido menciona-se apenas alguns nomes que teriam perfil para fazê-los "candidatos naturais" ao conselho.
São exemplos os professores da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo e Luciano Coutinho, que integraram o governo José Sarney e colaboraram com documentos econômicos do Instituto Cidadania (a ONG de Lula).
Do mercado financeiro, poderiam fazer parte Pedro Barbosa, ex-ING Bank, que tem aconselhado o grupo de economistas do partido, e o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, que ciceroneou o petista em recente visita à instituição.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero (governo Itamar Franco), bastante admirado pelo núcleo lulista atualmente, também é lembrado como possível conselheiro de um governo Lula, assim como o secretário das Finanças de São Paulo, João Sayad -caso não acabe virando ministro numa gestão petista.
Há quem tenha sugerido inclusive o nome do atual presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que é respeitado na cúpula petista. Politicamente, sua participação, ao menos num primeiro momento, seria complicada, no entanto.

Objetivos
O objetivo declarado do Conselho seria o de "aumentar a interlocução do governo com a sociedade", dentro do espírito do marketing de campanha de Lula, que é o de se apresentar como um "negociador".
A instância não teria funções Executivas e se reuniria periodicamente para preparar análises para o presidente.
Há uma motivação não confessada, que seria a de solucionar um problema crônico para o partido, que é a escassez de quadros econômicos de credibilidade junto ao mercado.
Outro dos porta-vozes econômicos do PT, Aloizio Mercadante, sugere que os componentes do conselho sejam aprovados pelo Congresso. "Seria algo nos moldes de outros conselhos de Estado já existentes, como o Conama [de Meio Ambiente]", diz ele, autor de projeto de lei sobre o tema.


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