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REAÇÃO
Presidente aproveita comemoração para pedir "mais animação"
FHC cobra preocupação da igreja com "convivência"
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou ontem as
comemorações do 7 de Setembro
para fazer uma crítica indireta à
igreja. No dia em que a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) promoveu o "Grito dos
Excluídos" em todo o país, o presidente cobrou preocupação das
religiões com a "convivência entre as pessoas".
A manifestação da CNBB engrossou os protestos contra o governo e teve como um dos objetivos pressionar por mudanças na
política econômica.
"Nós precisamos que as religiões se preocupem com a convivência das pessoas. É fundamental que as pessoas entendam que é
preciso uma base de coesão moral, base de relação humana, sem
o quê, por mais que o país cresça,
que haja progresso, por mais que
nós possamos até enriquecer, nós
não vamos resolver as questões
que aqui estão sendo pedidas, que
são questões fundamentais do ser
humano", disse FHC.
O discurso foi feito em cerimônia nos jardins do Palácio da Alvorada para entrega dos prêmios
dos 20 estudantes e 20 professores
da rede pública que participaram
do concurso "Ética e Cidadania".
Cerca de 2.600 escolas participaram do concurso, com frases a
respeito do tema.
Antes da cerimônia, FHC foi
vaiado pelo público que assistiu
ao desfile militar de 7 de Setembro. A manifestação de apoio ao
presidente, organizada pelo governador Joaquim Roriz (PMDB-DF), não impediu os protestos.
FHC foi vaiado ao chegar (9h05)
ao desfile e ao sair (10h45).
Roriz convocou servidores do
governo local para engrossar uma
manifestação de apoio a FHC,
mas acabou sendo o único aplaudido. Quando o presidente chegou ao palanque oficial, as pessoas gritavam: "Roriz, cadê você,
eu vim aqui só para ter ver".
Discurso de oposição
FHC fez um discurso com palavreado típico da oposição. "O
Brasil cansou de ser uma sociedade onde exista muita pobreza e
onde exista falta de compromisso
das pessoas com a melhoria da vida. Cansou de ver descaso, corrupção, falta de atenção e falta de
dignidade, no fundo. Ética na cidadania quer dizer dignidade para cada um dos brasileiros e brasileiras", afirmou.
O presidente convocou o povo a
contribuir para que o país avance.
"Os de cima têm de fazer, mas, se
cada um de nós não fizer, não vai
dar certo. Se não sentirmos dentro de nós a vontade de mudar, de
fazer com que as coisas caminhem, não vai dar certo."
Para FHC, o avanço depende de
"um clima de fraternidade" no
país. Ele pediu união entre os brasileiros em torno de propostas para melhorar o país.
Sem se referir diretamente ao
"Grito dos Excluídos", o presidente disse que o "grito geral no
nosso país" é por direitos humanos -segundo ele, o novo nome
da ética e da democracia.
O presidente terminou o discurso com um pedido inusitado. "A
gente precisa de mais animação."
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