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Empresários foram
condenados no Brasil
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A parceria do empresário José
Maria Teixeira Ferraz com Oscar
de Barros começou há pelo menos 17 anos, em São Paulo, quando os dois foram denunciados e,
depois, condenados por estelionato e formação de quadrilha.
O primeiro processo em que
Barros e Ferraz aparecem é de
1983, quando foram acusados de
aplicar um golpe de cerca de R$
160 mil (valor atualizado) em dois
empresários italianos.
Na época, Barros, com 37 anos,
usava a identidade falsa de Ernest
Paulo Ferri e dizia ser um oficial
aposentado do Ministério do
Exército empenhado na comercialização de objetos de ouro, que,
segundo ele, teriam pertencido a
ilustres militares brasileiros.
Ferraz, então com 28 anos, era
considerado o braço direito de
Oscar de Barros.
Confiantes no empreendimento, os empresários italianos depositaram R$ 160 mil em uma conta
bancária de Barros na Suíça, mas
nunca receberam a mercadoria.
Barros e Ferraz foram condenados, em 1986, a um ano e oito meses de prisão cada um, mas não
chegaram a cumprir pena.
"Tenho raiva dessa história. Eu
e o meu primo, que voltou para a
Itália, depositamos o dinheiro como uma forma de garantia e não
recebemos nada", disse Donato
Merlino, vítima do golpe.
No Brasil, a dupla já respondeu
a dezenas de processos e inquéritos, que foram arquivados ou tiveram as penas extintas.
Entre 80 e 93, Ferraz acumulou
no Brasil pelo menos 19 processos
criminais, 4 condenações na área
cível e 5 na área criminal (estas últimas por estelionato).
Barros enfrentou dois inquéritos (arquivados) e cinco processos, tendo sido condenado em
dois por estelionato, uso de documento falso e formação de quadrilha.
Apesar disso, a situação dos empresários hoje no Brasil é considerada regular. Os processos foram
arquivados porque os dois não foram localizados pela polícia em
tempo hábil.
Segundo o Código Penal, penas
inferiores a dois anos se extinguem se a polícia não faz as prisões em quatro anos.
Oscar de Barros chegou a ser
preso em flagrante em 1980,
quando tentava sacar títulos falsos em um banco paulista. Ele obteve o direito de responder ao
processo em liberdade e, quando,
anos depois, foi condenado a um
ano de prisão -a pena foi extinta,
porque ele não foi localizado pela
polícia.
Cinco anos depois, nove pessoas foram presas em flagrante
em uma agência do Bradesco tentando sacar cerca de R$ 5,3 milhões (valor atualizado) usando
dois cheques falsos em nome de
Gary Edward German.
Dos 9 detidos, 3 eram funcionários do escritório de Ferraz e 2
eram seus seguranças particulares
-segundo consta do processo.
Os funcionários acusaram Ferraz de ser o mandatário do crime.
Os envolvidos foram investigados
por estelionato e formação de
quadrilha e foram condenados. A
pena de Ferraz prescreveu.
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