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ONG vira "laboratório" de petista
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Instituto Florestan Fernandes
ocupa um casarão de esquina
num dos pontos mais elegantes e
arborizados do bairro do Sumaré.
Foi entre suas paredes -e não em
discussões internas do PT- que
se elaboraram as políticas que
Marta Suplicy procurará implementar, caso vença Paulo Maluf
no segundo turno paulistano.
O instituto é uma ONG (organização não-governamental) da
qual Marta é presidente. Foi criado no ano passado por um grupo
de petistas ligados a ela e de origem sobretudo acadêmica.
Com uma estrutura bastante leve -nove secretárias, seis coordenadores de áreas de estudos,
três cargos executivos e um orçamento mensal de R$ 35 mil- ele
não tem em seu conselho representantes de sem-terra ou sem-teto, sindicatos operários ou associações de moradores.
É o PT de colarinho branco,
bem pouco parecido com aquele
que Luiza Erundina levou em
1989 à Prefeitura de São Paulo.
Denominado em homenagem
ao sociólogo e deputado federal
petista Florestan Fernandes
(1920-1995), o instituto não é um
organismo que a rigor substituiria
o partido. Mas, como fórum interno de discussões, ele preencheu o espaço aberto pela hibernação de boa parte dos diretórios
zonais, aqueles que, dentro do PT,
deveriam estatutariamente monopolizar a discussão entre os
simples militantes.
Assim, não foi o instituto de
Marta que atropelou o partido.
Foi o partido que, menos operante em seus escalões inferiores,
permitiu que se formasse um poder paralelo com menos rostos da
periferia e mais rostos dos jardins.
Não há antagonismos para
quem vê de longe. Felix Ruíz Sánchez, secretário-geral do instituto,
integra o Diretório Municipal do
PT e foi, na campanha, coordenador das propostas de Marta.
Ele se origina da DS (Democracia Socialista), corrente de esquerda que tem como expoentes nacionais Raul Pont, prefeito de
Porto Alegre, e Heloísa Helena,
senadora por Alagoas.
Uma das três correntes trotskistas que integrava o PT quando de
sua fundação, a DS chegou a esboçar, no ano passado, o lançamento de uma candidatura que
disputaria com Marta as prévias
internas. Mas recuou sob o argumento de que a candidata estava
acima das tendências internas.
Foi a aversão à discussão entre
tendências que ela levou para o
instituto.
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