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POLÍTICA E PALHAÇADA
Um burro mais burro que outro burro
HUGO POSSOLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quem disse que burrice
não pega? Há vários tipos
de burrice contagiosa. Por exemplo, o malufismo e o petismo. Embora de genes diferentes, são espécies de burrice difíceis de lidar.
Para ser petista é preciso saber
dar coices. Para ser malufista é
preciso saber empacar. Ou seja,
até para ser burro é preciso ter algum talento.
O petismo, dormindo na sombra do já-ganhou, não é mais visto a olho nu. Some no meio dos
tantos votos de Marta. Já o malufismo, agora uma praga xiita, é
mais fácil de ser isolado e detectado.
Quem acha que é um saco
aguentar aquela voz empolada
do Maluf não faz idéia do que seja o contato com o malufismo.
Aguentar malufista é para quem
gosta de conversar com paredes
tendo que dar razão a elas.
Os malufistas vestem a camisa
do SM. Não é a sigla do sadomasoquismo. SM quer dizer: Sou
Maluf. O que dá na mesma.
Até o Maluf sabe que é um
mentiroso, mas um malufista
não admite essa hipótese. Se você
diz a um malufista que focinho
de porco não é tomada, logo ele
arranja um jeito de dizer que o
porco é elétrico.
Se você diz a um malufista que
construir viadutos nem sempre é
uma boa opção, rapidamente ele
responde que a obra garante moradia aos mais pobres.
É um inferno! Eles aprenderam
com o guru a melhor maneira de
não responder a uma pergunta. E
não discuta, senão vão tachá-lo
de petista.
E não há nada pior para um
malufista que um petista.
Eles odeiam petistas. E o ódio
dos malufistas virá à tona. Dispensaram até publici-otário. Nada de marketing. Virão violentos,
tal e qual um garoto no farol que
esfrega um estilete na cara de
uma madame e exige R$ 10, os
malufistas não têm nada a perder.
Em compensação, não há nada
pior para um petista que um malufista.
Os petistas são tão petistas que
acreditam que quem votou na
Marta votou no PT. Não que
exista um martismo. Se bem que,
pelo som, martismo poderia ser
um derivado caipira de marxismo.
Como burrice não assusta, tem
gente que não foge dessa doença.
Burrice com ismos provoca até
inveja. O Alckmin podia falar
com o Paulo Coelho para que ele
reescreva o título: "O Alckmista".
Quem sabe não garante um eleitorado para quando tentar ser
prefeito de Pinda outra vez.
Aliás, o pobre Alckmin se superou. Conseguiu aparecer mais
chocho que na campanha. Ele
que tanto defendeu uma campanha limpa, com cara de menino
bem comportado que nunca fez
rebelião na Febem, deixou que
seu chefe esbravejasse contra o
Maluf.
Covas vai fazer como um palmeirense que, para ver corintiano se dar mal, torce até para argentino.
A burrice vai tomar conta do
horário eleitoral gratuito. Agora
em versão econômica. Marta gastará seu horário mostrando que
já é uma boa prefeita, enquanto
Maluf vai apostar suas fichas em
querer ser governador ou até presidente. Ou seja, ela divulga a gestão que ainda não começou e ele
já vai adiantando o horário político de 2002.
Enfim, vai sobrar burrice para
tudo que é lado. E eu que nunca
pensei que um burro pudesse ser
mais burro que um outro burro.
Hugo Possolo é palhaço, dramaturgo e
diretor do grupo Parlapatões, Patifes &
Paspalhões
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