São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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INTENÇÃO DE VOTO

Instituto previa 50% dos válidos para Lula

Erro de eleitor na urna eletrônica prejudicou pesquisas, diz Ibope

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O engano do eleitor ao votar é uma das principais explicações dadas ontem pelo Ibope para os erros das pesquisas de intenção de voto das eleições deste ano.
Seria uma das maiores razões, por exemplo, para as diferenças do último levantamento de intenção de votos para a Presidência, divulgado na véspera da eleição, com o resultado final (Lula aparecia com 50% na pesquisa divulgada no sábado, mas deve acabar com cerca de 46%).
"Pesquisa não é infalível. Nenhum instituto pode prever o que chamamos de erro involuntário, ou seja, o eleitor quer votar em alguém e não consegue. Isso acontece principalmente com eleitores de menor instrução", afirmou Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, em entrevista coletiva na manhã de ontem.
Só a votação de Lula, porém, ficou fora da margem de erro -de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Serra, na pesquisa de sábado, tinha 22% e deve fechar com 23%, Garotinho apareceu com 17%, praticamente o mesmo resultado das eleições, e Ciro, de 10% no levantamento, deve terminar com 12%. Sobre isso, Montenegro afirmou que quem está mais próximo dos 50% é "sempre mais difícil de acertar".
"A gente não tem bola de cristal. Na verdade, todos os institutos de pesquisa se aproximaram do resultado. O fato de o presidente ter sido o último da cédula também influencia. E isso acontece mais com o Lula porque ele tem mais votos que os outros", disse.
Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope Opinião, o fato de esta ter sido a primeira eleição 100% eletrônica do Brasil pode ter atrapalhado alguns resultados, já que o eleitor não está acostumado a manusear a máquina. O instituto já avalia a possibilidade de realizar pesquisas com simuladores de urnas eletrônicas. Assim, o eleitor não responderia em quem iria votar, mas daria seu "voto" no aparelho do Ibope.
Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, acredita que a questão do erro involuntário deva ser estudada. "Tenho a impressão de que isso já diminuiu neste ano, principalmente pela campanha para que o eleitor usasse cola. Mas a urna eletrônica ainda privilegia as pessoas de mais escolaridade."
O último levantamento apontou que "18% dos eleitores que haviam escolhido candidato à Presidência admitiam mudar o voto, e 26% estavam indecisos".
A eleição para o governo de SP também surpreendeu o Ibope, que só captou a subida de José Genoino (PT) na boca-de-urna. Nas pesquisas anteriores, o petista aparecia atrás de Maluf (PPB), mas acabou indo para o segundo turno. Para o instituto, isso se deve à "onda Genoino", influenciada pela boa votação de Lula.
O resultado da última pesquisa Datafolha para presidente, publicada domingo na Folha, estava dentro da margem de erro. Já a de governador de São Paulo, como a do Ibope, não apontou a subida de Genoino. "O eleitorado tinha uma decisão mais firme para presidente, já que a campanha para a Presidência foi mais longa. Isso fez com que parte do eleitorado só decidisse o voto para governador no último dia. E a boa votação de Lula provavelmente "puxou" a de Genoino", afirmou Paulino.
Para Márcia Cavallari, do Ibope, essa eleição -por ser 100% eletrônica- serviu como "marco zero". "Nas próximas, vamos conseguir melhorar, tanto o eleitor para votar, quanto nós, nos resultados das pesquisas", disse.
A próxima pesquisa do Ibope será divulgada pela TV Globo no próximo dia 15. A do Datafolha sairá na Folha de domingo.



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