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INTENÇÃO DE VOTO
Instituto previa 50% dos válidos para Lula
Erro de eleitor na urna eletrônica prejudicou pesquisas, diz Ibope
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O engano do eleitor ao votar é
uma das principais explicações
dadas ontem pelo Ibope para os
erros das pesquisas de intenção
de voto das eleições deste ano.
Seria uma das maiores razões,
por exemplo, para as diferenças
do último levantamento de intenção de votos para a Presidência,
divulgado na véspera da eleição,
com o resultado final (Lula aparecia com 50% na pesquisa divulgada no sábado, mas deve acabar
com cerca de 46%).
"Pesquisa não é infalível. Nenhum instituto pode prever o que
chamamos de erro involuntário,
ou seja, o eleitor quer votar em alguém e não consegue. Isso acontece principalmente com eleitores
de menor instrução", afirmou
Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, em entrevista
coletiva na manhã de ontem.
Só a votação de Lula, porém, ficou fora da margem de erro -de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos. Serra, na
pesquisa de sábado, tinha 22% e
deve fechar com 23%, Garotinho
apareceu com 17%, praticamente
o mesmo resultado das eleições, e
Ciro, de 10% no levantamento,
deve terminar com 12%. Sobre isso, Montenegro afirmou que
quem está mais próximo dos 50%
é "sempre mais difícil de acertar".
"A gente não tem bola de cristal.
Na verdade, todos os institutos de
pesquisa se aproximaram do resultado. O fato de o presidente ter
sido o último da cédula também
influencia. E isso acontece mais
com o Lula porque ele tem mais
votos que os outros", disse.
Segundo Márcia Cavallari, diretora-executiva do Ibope Opinião,
o fato de esta ter sido a primeira
eleição 100% eletrônica do Brasil
pode ter atrapalhado alguns resultados, já que o eleitor não está
acostumado a manusear a máquina. O instituto já avalia a possibilidade de realizar pesquisas com simuladores de urnas eletrônicas.
Assim, o eleitor não responderia
em quem iria votar, mas daria seu
"voto" no aparelho do Ibope.
Mauro Paulino, diretor-geral do
Datafolha, acredita que a questão
do erro involuntário deva ser estudada. "Tenho a impressão de
que isso já diminuiu neste ano,
principalmente pela campanha
para que o eleitor usasse cola. Mas
a urna eletrônica ainda privilegia
as pessoas de mais escolaridade."
O último levantamento apontou que "18% dos eleitores que
haviam escolhido candidato à
Presidência admitiam mudar o
voto, e 26% estavam indecisos".
A eleição para o governo de SP
também surpreendeu o Ibope,
que só captou a subida de José Genoino (PT) na boca-de-urna. Nas
pesquisas anteriores, o petista
aparecia atrás de Maluf (PPB),
mas acabou indo para o segundo
turno. Para o instituto, isso se deve à "onda Genoino", influenciada pela boa votação de Lula.
O resultado da última pesquisa
Datafolha para presidente, publicada domingo na Folha, estava
dentro da margem de erro. Já a de
governador de São Paulo, como a
do Ibope, não apontou a subida
de Genoino. "O eleitorado tinha
uma decisão mais firme para presidente, já que a campanha para a
Presidência foi mais longa. Isso
fez com que parte do eleitorado só
decidisse o voto para governador
no último dia. E a boa votação de
Lula provavelmente "puxou" a de
Genoino", afirmou Paulino.
Para Márcia Cavallari, do Ibope,
essa eleição -por ser 100% eletrônica- serviu como "marco
zero". "Nas próximas, vamos
conseguir melhorar, tanto o eleitor para votar, quanto nós, nos resultados das pesquisas", disse.
A próxima pesquisa do Ibope
será divulgada pela TV Globo no
próximo dia 15. A do Datafolha
sairá na Folha de domingo.
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