São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Ex-candidato do PSB à Presidência decidiu anunciar apoio ao petista, mas não participará de sua campanha

Garotinho não irá ao palanque de Lula

MURILO FIUZA DE MELO
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Mesmo com o apoio formal do PSB a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, Anthony Garotinho não planeja fazer campanha para o petista. Garotinho ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial com 18% dos votos válidos.
Adversário do PT no Rio, ele anunciou a assessores que irá cumprir a decisão da Executiva Nacional do PSB, que se reúne amanhã, em Brasília, para formalizar o apoio a Lula, mas se recusa a subir no palanque do petista: "Eu tenho muitas dificuldades de votar no Lula nas circunstâncias atuais, em função da direitização do PT. Eles [do PT" querem o poder a qualquer custo."
No Rio, o PT ajudou a eleger Garotinho em 1998, mas rompeu com o governador no início de 2000. Nos últimos dias da campanha estadual, vencida em primeiro turno pela mulher do ex-governador, Rosinha Matheus (PSB), a disputa entre o casal e os petistas fluminenses se acirrou.
Ontem de manhã, em corpo-a-corpo na Central do Brasil, Garotinho condicionou seu apoio ao abandono pelo petista do que chamou de "forças de direita".
"Para receber o nosso apoio, o Lula terá que se livrar dessas alianças de direita que ele fez. Nós somos um partido do povo. O Lula está com o [José" Sarney e com esses políticos que afundaram o Brasil. Ele vai ter que escolher com quem ele vai andar", disse.
Em Recife, o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, a quem caberá anunciar a decisão do PSB no segundo turno, desautorizou as declarações do ex-governador: "Isso é a opinião do Garotinho. Para nós, a aliança com o PT não passa por quem está ao lado do Lula. Nós defendemos uma aliança programática, de conteúdo", declarou Arraes à Folha.
À tarde, em nova entrevista, o ex-governador recuou. Manteve a crítica a Lula e a seus aliados, mas ressaltou que se tratava de uma posição pessoal, e não partidária. Ele disse ser "impossível" apoiar José Serra (PSDB), embora tenha afirmado que tanto o tucano quanto Lula representem o "mesmo projeto de continuidade".
Garotinho informou ter recebido, pela manhã, telefonemas de Lula e do presidente nacional do PT, José Dirceu, que lhe teriam pedido o apoio no segundo turno: "Primeiro, ele [Lula" me cumprimentou e disse: "Olha, você teve uma votação muito significativa, estou ligando para te cumprimentar e dizer que gostaria muito de estar com você. Eu disse que não depende de mim, mas do partido. Pedi que ele ligasse para o doutor Miguel Arraes e ele ligou".
Segundo Arraes, o PSB exigirá do PT que adote um discurso de esquerda: "Não podemos fazer um acordo que seja contra os nossos princípios". Os socialistas não concordam com a ausência de uma crítica enfática ao acordo com o FMI. "Na economia, a proposta do Lula é muito parecida com a do governo", afirmou o governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), que se disse favorável a um apoio incondicional a Lula.


Colaboraram MÁRIO MAGALHÃES e FABIANA CIMIERI, da Sucursal do Rio



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