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SEGUNDO TURNO
Ex-candidato do PSB à Presidência decidiu anunciar apoio ao petista, mas não participará de sua campanha
Garotinho não irá ao palanque de Lula
MURILO FIUZA DE MELO
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Mesmo com o apoio formal do
PSB a Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) no segundo turno, Anthony
Garotinho não planeja fazer campanha para o petista. Garotinho
ficou em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial
com 18% dos votos válidos.
Adversário do PT no Rio, ele
anunciou a assessores que irá
cumprir a decisão da Executiva
Nacional do PSB, que se reúne
amanhã, em Brasília, para formalizar o apoio a Lula, mas se recusa
a subir no palanque do petista:
"Eu tenho muitas dificuldades de
votar no Lula nas circunstâncias
atuais, em função da direitização
do PT. Eles [do PT" querem o poder a qualquer custo."
No Rio, o PT ajudou a eleger Garotinho em 1998, mas rompeu
com o governador no início de
2000. Nos últimos dias da campanha estadual, vencida em primeiro turno pela mulher do ex-governador, Rosinha Matheus (PSB), a
disputa entre o casal e os petistas
fluminenses se acirrou.
Ontem de manhã, em corpo-a-corpo na Central do Brasil, Garotinho condicionou seu apoio ao
abandono pelo petista do que
chamou de "forças de direita".
"Para receber o nosso apoio, o
Lula terá que se livrar dessas
alianças de direita que ele fez. Nós
somos um partido do povo. O Lula está com o [José" Sarney e com
esses políticos que afundaram o
Brasil. Ele vai ter que escolher
com quem ele vai andar", disse.
Em Recife, o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, a
quem caberá anunciar a decisão
do PSB no segundo turno, desautorizou as declarações do ex-governador: "Isso é a opinião do Garotinho. Para nós, a aliança com o
PT não passa por quem está ao lado do Lula. Nós defendemos uma
aliança programática, de conteúdo", declarou Arraes à Folha.
À tarde, em nova entrevista, o
ex-governador recuou. Manteve a
crítica a Lula e a seus aliados, mas
ressaltou que se tratava de uma
posição pessoal, e não partidária.
Ele disse ser "impossível" apoiar
José Serra (PSDB), embora tenha
afirmado que tanto o tucano
quanto Lula representem o "mesmo projeto de continuidade".
Garotinho informou ter recebido, pela manhã, telefonemas de
Lula e do presidente nacional do
PT, José Dirceu, que lhe teriam
pedido o apoio no segundo turno:
"Primeiro, ele [Lula" me cumprimentou e disse: "Olha, você teve
uma votação muito significativa,
estou ligando para te cumprimentar e dizer que gostaria muito
de estar com você. Eu disse que
não depende de mim, mas do partido. Pedi que ele ligasse para o
doutor Miguel Arraes e ele ligou".
Segundo Arraes, o PSB exigirá
do PT que adote um discurso de
esquerda: "Não podemos fazer
um acordo que seja contra os nossos princípios". Os socialistas não
concordam com a ausência de
uma crítica enfática ao acordo
com o FMI. "Na economia, a proposta do Lula é muito parecida
com a do governo", afirmou o governador de Alagoas, Ronaldo
Lessa (PSB), que se disse favorável
a um apoio incondicional a Lula.
Colaboraram MÁRIO MAGALHÃES e
FABIANA CIMIERI, da Sucursal do Rio
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