São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SÃO PAULO

PSDB e PT querem atrair os 4 milhões de eleitores malufistas, mas temem apoio declarado do ex-prefeito

Alckmin e Genoino disputam votos de Maluf

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

A 20 dias da eleição, os dois candidatos que ainda estão na disputa para o governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoino (PT), entrarão numa corrida pelos mais de 4 milhões de votos de Paulo Maluf (PPB). Faz parte dessa "operação" a tentativa de aproximação com os pepebistas.
O maior receio dessa estratégia, na avaliação de petistas e de tucanos, é um eventual estrago que qualquer tipo de ligação com o nome de Maluf poderia causar a dois partidos que participaram de alianças antimalufistas nas três últimas eleições em São Paulo.
Em outras palavras: tanto o PSDB quanto o PT querem o bônus de serem herdeiros dos votos de Maluf, mas temem o ônus de serem relacionados ao candidato. É por isso que as duas siglas adotaram o mesmo discurso: querem o "eleitor de Maluf, mas não o apoio dele".
Em busca do eleitor malufista, os tucanos querem o apoio de prefeitos e deputados estaduais do PPB que não fazem oposição a Alckmin na Assembléia.
"A campanha vai crescer em todos os setores. Não vamos procurar o Maluf, mas buscaremos os eleitores dele", afirmou o presidente estadual do PSDB, Edson Aparecido.
O presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, disse que o partido não deve procurar pepebistas, mas o voto de Maluf para Genoino será "muito bem-vindo".
"O caminho dele [Maluf" é outro, e nós vamos respeitá-lo. Não vamos forçar a barra e convidá-lo a estar aqui, mesmo porque haveria problema entre o eleitorado dele e o nosso. Ele deixou muito claro que quer derrotar os tucanos, e, para isso, o voto dele será muito bem-vindo para o Genoino", afirmou Frateschi.
O PT aposta num perfil de eleitor que está insatisfeito com o governo e que votou, no primeiro turno, na dobradinha Maluf para governador e Luiz Inácio Lula da Silva para presidente.
Na tentativa de cooptação do malufista, que pode ser o fiel da balança na eleição para o governo do Estado de São Paulo, o tom da campanha deve ser duro e mais conservador, principalmente em relação a questões de segurança.

Mais aliados
Além do PPB, tucanos e petistas já estão na disputa pelo apoio dos partidos que compõem a Frente Trabalhista (PTB-PPS-PDT), do candidato derrotado na eleição paulista Antonio Cabrera.
O líder do PTB no Estado, Campos Machado, afirmou que o partido apoiará Alckmin. Apoio esse que deveria ter sido dado formalmente já no primeiro turno, mas que, devido à verticalização das alianças -submissão das alianças estaduais às federais-, não pôde ser dado. Antonio Cabrera, que criticou o governo do Estado na campanha, apoiará Genoino.
O PPS também havia fechado formalmente com os tucanos antes da verticalização. O presidente estadual do partido, Arnaldo Jardim, trabalha para a aliança com Alckmin, tarefa que conta com o apoio da maioria dos prefeitos do PPS. Contra o apoio, está parte da bancada federal da sigla, que fez oposição ferrenha aos tucanos na campanha presidencial.
De acordo com o presidente estadual do PDT, Roberto Batochio, a tendência do partido é estar com o PT no segundo turno em São Paulo. Os tucanos devem trabalhar para o apoio dos pedetistas.
Assim como o PDT, o PMDB, de Orestes Quércia, e o PL, de Valdemar Costa Neto, devem caminhar em direção ao PT. Já o PSB espera a decisão nacional do partido para definir sua posição no Estado. Luiza Erundina (PSB) já declarou voto em Genoino.


Texto Anterior: Lula e Serra federalizam quatro disputas para governos estaduais
Próximo Texto: Mesmo derrotado, Maluf afirma que malufismo ainda não morreu
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.