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ALAGOAS
Além do ex-presidente, representantes do grupo político que o apoiou também não se reelegeram
Eleição sepulta a "República de Collor"
MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ
A derrota do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB) no
primeiro turno da eleição para o
governo de Alagoas se espalhou
pelo grupo político que esteve
com ele desde a ida para o Planalto em 1990 e o impeachment que
o afastou em 1992.
O governador Ronaldo Lessa
(PSB) foi reeleito com 52,9% dos
votos válidos. Collor recebeu
40,2%, seguido por Judson Cabral
(PT), com 4,9%.
O candidato Arnon de Mello
(PRTB), 26, filho mais velho de
Collor, 52, alcançou 51.039 votos,
metade do que precisava para se
eleger deputado federal numa legenda não-coligada. Foi apenas o
10º mais votado.
Outro que fracassou foi o deputado federal Augusto Farias
(PPB). Ele é irmão de Paulo César
Farias, tesoureiro de campanha
de Collor assassinado em 1996.
Agora, o deputado, indiciado como co-autor do homicídio do irmão, perde o STF (Supremo Tribunal Federal) como fórum privilegiado -o processo deve correr
na Justiça de Alagoas.
Euclydes Mello (PT do B), primo do presidente afastado que
era deputado federal na era Collor, foi mal na disputa para a Assembléia Legislativa. Como Vitório Malta (PRTB), primo e cunhado de Rosane Malta Collor, mulher de Fernando Collor.
Os deputados estaduais Antônio Hollanda, Délio Almeida e
Lucila Toledo, colloridos do PTB,
não se reelegeram. O deputado federal Luiz Dantas (PTB) deverá
ser suplente -a lista de eleitos
ainda não foi anunciada.
O congressista é tio de Cláudia
Dantas, que na versão policial difundida em 1996 teria sido o pivô
de ciúmes de Suzana Marcolino,
que teria matado o namorado PC
e se suicidado. Em 1999, inquérito
policial descartou essa versão sobre Cláudia.
A "maldição de Collor", como
seus adversários trataram os golpes eleitorais sobre o grupo, atingiu também o presidente da Assembléia Legislativa, Antônio Albuquerque (PTB), indiciado pela
CPI do Narcotráfico. Ele foi o
mais votado para deputado estadual, mas sua bancada caiu de 15
para sete ou oito deputados. Collor não quis dar entrevista ontem.
Brava gente
"O Estado de Alagoas devia isso
[a derrota do ex-presidente] a si
mesmo e ao Brasil", afirmou ontem Ronaldo Lessa, 53.
Ele repetiu seus termos do domingo: ""Sobre Alagoas, que tem
uma concentração de renda brutal, onde o povo foi excluído das
escolas, onde a elite foi perversa,
eu só tenho uma coisa a dizer:
brava gente alagoana. Não é à toa
que Zumbi ficou foi aqui, não em
outro lugar".
Uma dimensão histórica da
eleição, segundo Lessa, foi que "a
República das Alagoas [grupo em
torno de Collor] foi sepultada.
Alagoas, que gerou esses políticos, os exorcizou". O governador,
divulgando a melhoria de alguns
índices sociais, disse que, às vezes,
andará sem o colete que passou a
usar para simbolizar as dificuldades do Estado.
Sobre o fato de o usineiro e político conservador João Lyra (PTB)
-que não apoiou nenhum candidato a governador- ter sido o
deputado federal mais votado
(112.949 votos), Lessa minimizou:
"Não houve uma revolução, não
viramos Suíça".
O governador disse ainda não
acreditar em volta de violência
política. Em 1998, a deputada federal reeleita Ceci Cunha (PSDB)
foi assassinada, abrindo uma vaga
na Câmara.
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