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FISCO EM GUERRA
Inquérito é aberto a pedido do secretário Rachid, que insinua que corregedor-geral divulgou gravações
PF investiga vazamento de dados da Receita
Lula Marques/Folha Imagem
![](../images/n0810200301.jpg) |
O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, participa de seminário do PT sobre pirataria, em Brasília |
IURI DANTAS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal vai investigar,
a pedido do próprio secretário da
Receita Federal, Jorge Rachid, o
suposto vazamento de informações do fisco. A Folha apurou que
a PF abriu ontem inquérito para
apurar o caso.
O principal alvo é o corregedor
da Receita, Moacir Leão, que tem
levantado suspeitas contra Rachid. Anteontem, Leão disse ter
recebido informação de que uma
denúncia contra ele teria sido
"forjada" no gabinete do secretário, segundo revelou a Folha.
"As pessoas que expõem a Receita serão responsabilizadas, inclusive pelo vazamento de informações", disse ontem pela manhã
Rachid. Foi a primeira declaração
pública dele sobre o caso.
No final da tarde, a Receita divulgou nota em que classificou de
"totalmente absurda e desprovida
de qualquer fundamento" a informação de que a denúncia contra o
corregedor teria sido elaborada
no gabinete de Rachid.
Ainda segundo a nota, "o vazamento de informações sigilosas,
que pode comprometer a credibilidade da Receita Federal e de seu
corpo funcional, é fato reprovável
que reclama rigorosa apuração e
punição dos responsáveis".
Ao mesmo tempo em que a Receita divulgava a nota, o corregedor procurava justificar o comportamento que tem adotado.
Leão tem informado à imprensa
resultados obtidos pela Corregedoria no caso de corrupção de
servidores da Receita no Rio.
"Quando nós apuramos fraudes,
estamos tratando de dinheiro público que foi roubado. Quando o
corregedor fala para a população
como funciona uma fraude, a
quantidade de dinheiro que foi
roubada, não há que se falar em
vazamento de informação. Esse é
o princípio de transparência, porque é a sociedade que nos paga."
Palocci
O inquérito aberto pela PF pode
ser interpretado como uma demonstração de força do ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
para resolver a "batalha" que está
sendo travada na cúpula da Receita. O único movimento que o ministro havia feito fora a criação,
no mês passado, de comissão da
Procuradoria da Fazenda para tomar a frente de processo administrativo aberto pela Corregedoria
contra o ex-secretário-adjunto da
Receita Leonardo Couto.
Agora, Palocci pediu ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) para que a PF fique de prontidão para uma eventual necessidade de ampliar o trabalho na Receita. A avaliação do ministro da Fazenda é que uma devassa possa
ser necessária para que não restem dúvidas sobre a posição da
Fazenda em relação ao caso.
Foi o ministro quem nomeou
Rachid para o cargo. O atual secretário veio da administração do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O fato de Palocci ter
mantido Rachid e sua equipe no
comando da Receita é tido como
o principal motivo da disputa de
poder que existe hoje no órgão.
No final de semana passado, a
TV Globo e a revista "Época" divulgaram gravações de conversas
do ex-secretário adjunto da Receita Leonardo Couto nas quais
havia supostas ameaças ao corregedor. O episódio resultou na
queda de Couto, que pediu exoneração do cargo. Segundo a Folha apurou, a cúpula da Receita
acredita que foi Leão quem passou à imprensa as gravações.
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