São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SÃO PAULO

Pedro Corrêa, presidente da sigla, divulgou nota em que recomenda apoio à "candidata do presidente Lula"; decisão sai semana que vem

PP nacional abre caminho para Maluf apoiar PT

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Executiva Nacional do PP abriu caminho ontem para o candidato derrotado Paulo Maluf (PP) declarar apoio à prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). A formalização do apoio, no entanto, só deverá ser feita na próxima quarta-feira.
O ex-prefeito, que obteve 11,9% dos votos na cidade de São Paulo, é cortejado hoje pelo PT e, em menor intensidade, pelo PSDB.
Em nota distribuída à imprensa, o presidente nacional do PP, Pedro Corrêa, disse ter vindo a São Paulo para parabenizar Maluf pela "maior votação que um progressista obteve no Brasil" e para "recomendar ao nosso líder Paulo Maluf e aos companheiros de São Paulo o apoio à candidata do presidente Lula".
A recomendação do PP é mais um respaldo a um acordo que começou no primeiro turno da campanha, quando Maluf estrategicamente atacava José Serra (PSDB) e poupava Marta -por meio desse pacto, Maluf seria beneficiado dentro dos limites legais na CPI do Banestado, que apura envio ilegal de dólares para o exterior. PT e Maluf negam.
"O que importa ao PT é o apoio de Maluf. E Maluf tem uma tendência de votar em Marta. Antes quer ouvir umas pessoas", disse Corrêa.
Entre as pessoas que Maluf ouviu hoje, após almoço com membros da Executiva Nacional, está o vereador Salim Curiati Jr., que foi o vice na chapa dele e que defendia um apoio aos tucanos.
Ontem, no entanto, os malufistas se disseram contrariados com o que chamam de "desprezo" do PSDB. Afirmaram que, apesar de terem sido procurados, as conversas para um eventual apoio foram abandonadas pelo partido do candidato José Serra.
Segundo a Folha apurou, Maluf aproveitou um almoço ontem com membros da Executiva do partido para criticar duramente o PSDB e para manifestar sua intenção em apoiar Marta. Esse apoio, no entanto, não seria de "peito aberto", segundo ele disse.
Maluf teria dito que a administração do PSDB "quebrou o Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo", segundo o relato de pessoas presentes no almoço.

Nacional
A atuação da Executiva Nacional do PP em São Paulo faz parte de uma cesta de acordos que o partido, que faz parte da base de sustentação do governo federal, está negociando com o PT.
Em Florianópolis (SC), o PP pediu aos petistas apoio à candidatura de Chico Assis (PP), que disputará o segundo turno com o tucano Dario Berger. Uma eventual vitória garantiria ao partido a única administração de uma capital.
Em Uberlândia (MG), o PP quer a neutralidade do PT na disputa entre Odelmo Leão (PP) e João Bittar (PL). Dependendo do eventual apoio de Maluf a Marta, o PP irá aproveitar a oportunidade para "cobrar" do governo federal um ministério.
"O presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] disse que nós seríamos contemplados com uma posição mais forte. Nós não tivemos um ministério na reforma passada porque havia a perspectiva de Maluf disputar com Marta. Agora a eleição passou e estamos esperando", disse Corrêa.


Colaborou Catia Seabra, da Reportagem Local


Texto Anterior: História: PT vem ampliando composições desde a derrota de 1989
Próximo Texto: O PT e Maluf
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.