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OPERAÇÃO ANACONDA
Apontado pelo Ministério Público como mentor de suposto esquema de venda de sentenças judiciais, ficará na carceragem da PF
Polícia prende juiz federal Rocha Mattos
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz federal João Carlos da
Rocha Mattos, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, foi preso ontem
pela Polícia Federal. Apontado
como o "mentor" de um esquema
de venda de sentenças judiciais, o
magistrado é acusado dos crimes
de formação de quadrilha, falsidade ideológica, peculato (apropriação indevida de bem público), prevaricação e corrupção
passiva.
A prisão de Rocha Mattos foi
decidida ontem mesmo, em uma
reunião do órgão especial do TRF
(Tribunal Regional Federal) de
São Paulo, formado pelos 18 desembargadores mais antigos. Eles
aprovaram o parecer da desembargadora Therezinha Cazerta,
relatora do processo em que os
juiz é acusado. Antes disso, os desembargadores determinaram o
afastamento de Rocha Mattos da
função de juiz titular da 4ª Vara
Criminal Federal de São Paulo.
No final da reunião, Cazerta determinou à PF que prendesse o
juiz, que estava no apartamento
da ex-mulher Norma Regina
Emílio Cunha, na praça da República, centro de São Paulo. Cunha,
ex-auditora da Receita Federal, foi
detida no dia 30, também por suposto envolvimento no esquema.
Os agentes da PF chegaram ao
apartamento, para cumprir a ordem de prisão preventiva às
17h55, aproximadamente uma
hora antes de Rocha Mattos chegar ao local. O juiz não tentou se
esconder e informou aos repórteres o local onde estava.
Segundo agentes da PF que efetuaram a prisão, o juiz recebeu o
pedido com tranquilidade. Rocha
Mattos foi levado para a sede da
PF regional em São Paulo, no
bairro da Lapa (zona oeste), uma
hora e 15 minutos após a entrada
dos policiais no apartamento.
A demora para que a prisão fosse efetuada ocorreu em virtude de
falhas no mandado de prisão, que
tiveram de ser corrigidas.
Nesse intervalo, a reportagem
telefonou para o apartamento de
Cunha e um homem, que se apresentou como agente federal, atendeu o telefone e afirmou que o juiz
não poderia falar.
Rocha Mattos pediu aos agentes
da PF para deixar o prédio pela
garagem, evitando assim o constrangimento de passar pela calçada, ocupada por cerca de 80 pessoas, entre jornalistas e curiosos.
Rocha Mattos, que estava no
apartamento com um sobrinho
da ex-mulher, deixou o prédio às
19h10 em um Astra prata, com vidros escuros. O veículo deixou a
garagem escoltado por um carro
da Polícia Federal e por um Vectra, também com agentes da PF.
Enquanto era levado pelos policiais, o juiz ouviu de algumas pessoas que esperavam sua prisão na
calçada, gritos de "juiz ladrão, juiz
ladrão". O Astra com Rocha Mattos chegou à carceragem da PF,
no bairro da Lapa, às 19h25.
Segundo o delegado da PF Wagner Castilho, o juiz foi levado a
uma cela especial de dois por três
metros que vai dividir com outro
preso, cujo nome não foi divulgado. Rocha Mattos está em uma
área destinada aos homens presos
com curso superior. Nela existem
três celas com comunicação entre
elas, onde também estão o delegado José Augusto Bellini, o delegado aposentado Jorge Luiz Bezerra
da Silva, e o agente Cesar Herman
Rodriguez, também denunciados
pelo Ministério Público.
O juiz recusou o jantar ontem.
No verso do mandado de prisão
ele escreveu um texto no qual pediu que fosse divulgado aos repórteres. Nele, ele solicitou ser ouvido em "caráter urgente" pelo
TRF. Também afirmou que ficou
"abismado" ao ler o mandado de
prisão e sustentou que os documentos que teriam sido encontrados pela PF em seu apartamento,
em Higienópolis (região central),
"jamais estiveram" lá.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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