|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Manifestações jurídicas são controversas
DA REPORTAGEM LOCAL
Os episódios que marcaram a
carreira de João Carlos da Rocha Mattos, 55, explicam por
que o magistrado paulista era tido como o mais controvertido
juiz em exercício.
Ex-agente e ex-delegado da
Polícia Federal no Paraná e ex-procurador da República, o até
então titular da 4ª Vara Criminal marcou sua passagem pelo
Poder Judiciário em sucessivos
conflitos com o Ministério Público Federal e com desembargadores federais.
Em 1992, foi afastado do cargo, por haver ameaçado, por
carta, o então presidente do Tribunal Regional Federal de São
Paulo, Homar Cais.
Rocha Mattos, conhecedor,
como poucos, das leis e dos bastidores da polícia, orgulhava-se
de ser um julgador rápido. Chamava para si processos rumorosos que envolviam operações de
notórios criminosos, políticos e
empresários influentes.
Com base em questões técnicas, foi o autor do arquivamento
do "Caso Cobrasma": inquérito
criminal que apurava um suspeito lançamento de ações da
empresa do então presidente da
Fiesp, Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho, no final dos anos 80.
Na década seguinte, teria seu
nome associado a inquéritos envolvendo o ex-governador de
São Paulo Orestes Quércia, beneficiado por decisões suas
("raspadinha", privatização da
Vasp e importação de equipamentos de Israel).
Na tramitação deste último
processo, isentou Quércia de
responsabilidade por compra
superfaturada de R$ 310 milhões, apesar de documento firmado pelo ex-governador autorizar as compras.
Foi alvo de inúmeras correições e manteve vários conflitos
com procuradores. Amigos reconhecem que o magistrado
tem uma personalidade explosiva e passional. Magro, vegetariano, gosta de correr, esporte
ao qual não vinha se dedicando
nos últimos dias.
Investigado sigilosamente pelo TRF, diante da suspeita de ligações com doleiros e seus advogados, João Carlos da Rocha
Mattos morava, sem pagar aluguel, num apartamento de propriedade de uma offshore cujo
procurador é o advogado Carlos
Alberto Costa e Silva, advogado
de doleiros preso também pela
Operação Anaconda.
Rocha Mattos nasceu em São
Paulo, em 1948. Foi casado duas
vezes e tem quatro filhos.
Texto Anterior: Operação Anaconda: Polícia prende juiz federal Rocha Mattos Próximo Texto: Oito acusados têm prisão ampliada Índice
|