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análise
Partidos vêem na CPMF sua grande chance
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O bom momento econômico e o encolhimento da
agenda legislativa do governo Lula explicam por
que partidos aliados e oposicionistas têm criado tantas dificuldades para aprovar a CPMF, mesmo sem
maior intenção de impor
uma derrota ao Planalto.
Desde que o tributo foi
criado, esta é a primeira
vez que o Congresso pode
examinar o tema sem a
pressão de uma crise inflacionária, financeira ou fiscal. A contribuição provisória hoje serve para sustentar a ampliação de gastos sociais e investimentos; há quatro anos, quando foi renovada pela última vez, era decisiva na
tentativa de conter a disparada da dívida pública.
Para os congressistas,
trata-se de uma oportunidade de buscar sociedade
com a sorte de Lula, e não
mais de evitar uma catástrofe econômica. É o momento propício para criticar a carga tributária e o
aumento dos gastos públicos, sem medo de negociar
mais verbas para correligionários nas prefeituras e
governos estaduais.
A prorrogação da CPMF
tende a ser a primeira e a
última grande prioridade
legislativa do segundo
mandato de Lula. Fora isso, sua base heterogênea
terá poucas oportunidades de negociar votos com
o Planalto. A pauta de reformas do primeiro mandato foi virtualmente
abandonada: a da Previdência, iniciada, carece de
regulamentação; a tributária deverá ser apresentada e, como de hábito,
abandonada; a trabalhista
nem é mencionada mais.
A boa oportunidade
criada pela CPMF, porém,
só faz sentido se os partidos se acertarem com o
governo, e o mesmo raciocínio vale também para o
PSDB -que neste ano começou votando a favor da
contribuição, passou a ser
contrário e agora virou
freguês de almoços semanais com Guido Mantega.
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