São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Lula se irrita com Mantega e assume a negociação

A aliados presidente diz estar preocupado com rumo da CPMF

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados nos últimos dias que o Ministério da Fazenda "conduziu mal as negociações" com os tucanos e que está "irritado" com alguns senadores de sua base de apoio, particularmente do PDT e do PMDB, por estarem pressionando o governo por mudanças na CPMF e por cargos.
Lula afirmou ainda estar "preocupado" com o rumo das negociações e que vai retomar as conversas com o PSDB nos próximos dias, sinalizando que vai ceder em novas medidas para garantir a prorrogação do tributo até 2011.
O presidente pretende contar com o apoio dos governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) nessa tarefa.
Na avaliação de Lula, o ministro Guido Mantega não deveria ter feito reuniões públicas com os senadores tucanos antes de ter certeza de que a proposta a ser oferecida não seria totalmente rejeitada, como aconteceu na última terça-feira. Mantega reuniu os tucanos em almoços no ministério.
Segundo o presidente, isso foi um erro de estratégia do Ministério da Fazenda e expôs os senadores do PSDB que estavam propensos a fazer acordo com o governo. Como havia uma pressão interna do partido contra a prorrogação da CPMF e a proposta da Fazenda foi considerada insatisfatória, o grupo que jogaria com o governo acabou tendo de recuar.
Além de criticar Mantega, Lula comentou com amigos não ter gostado da posição de Jefferson Peres (PDT), que passou a cobrar redução da alíquota da CPMF depois de acenar ao Palácio do Planalto que estava fechado com a proposta a ser articulada pelo governo.
Senadores do PMDB também foram alvo das críticas de Lula. Ele se disse irritado com a pressão de alguns membros do partido, que estão aproveitando as dificuldades do governo em aprovar a CPMF para cobrar "cargos no setor elétrico".
O PMDB defende a indicação imediata de um nome ligado ao partido para o Ministério de Minas e Energia, hoje comandado interinamente pelo petista Nelson Hubner.
Segundo a Folha apurou, Lula diz acreditar, porém, que conseguirá contornar as dificuldades em sua base de apoio. Dos 53 senadores de partidos aliados, Lula espera contar com o apoio de ao menos 49, o mínimo necessário para aprovar a prorrogação da CPMF em dois turnos no Senado.
Esse cenário, contudo, deixa o governo "inseguro" quanto à votação, segundo o próprio Lula disse a aliados. Por isso, considera fundamental insistir numa negociação com o PSDB. Ele acredita que é preciso deixar a poeira baixar para voltar a fazer propostas aos tucanos.
O presidente avalia ainda que basta articular melhor as negociações para conseguir os votos de pelo menos quatro senadores do PSDB, o que já daria uma margem de segurança para aprovar sua proposta.


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