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Lula se irrita com Mantega e assume a negociação
A aliados presidente diz estar preocupado com rumo da CPMF
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados nos últimos dias que o Ministério da
Fazenda "conduziu mal as negociações" com os tucanos e
que está "irritado" com alguns
senadores de sua base de apoio,
particularmente do PDT e do
PMDB, por estarem pressionando o governo por mudanças
na CPMF e por cargos.
Lula afirmou ainda estar
"preocupado" com o rumo das
negociações e que vai retomar
as conversas com o PSDB nos
próximos dias, sinalizando que
vai ceder em novas medidas para garantir a prorrogação do
tributo até 2011.
O presidente pretende contar com o apoio dos governadores tucanos José Serra (SP) e
Aécio Neves (MG) nessa tarefa.
Na avaliação de Lula, o ministro Guido Mantega não deveria ter feito reuniões públicas
com os senadores tucanos antes de ter certeza de que a proposta a ser oferecida não seria
totalmente rejeitada, como
aconteceu na última terça-feira. Mantega reuniu os tucanos
em almoços no ministério.
Segundo o presidente, isso
foi um erro de estratégia do Ministério da Fazenda e expôs os
senadores do PSDB que estavam propensos a fazer acordo
com o governo. Como havia
uma pressão interna do partido
contra a prorrogação da CPMF
e a proposta da Fazenda foi
considerada insatisfatória, o
grupo que jogaria com o governo acabou tendo de recuar.
Além de criticar Mantega,
Lula comentou com amigos
não ter gostado da posição de
Jefferson Peres (PDT), que
passou a cobrar redução da alíquota da CPMF depois de acenar ao Palácio do Planalto que
estava fechado com a proposta
a ser articulada pelo governo.
Senadores do PMDB também foram alvo das críticas de
Lula. Ele se disse irritado com a
pressão de alguns membros do
partido, que estão aproveitando as dificuldades do governo
em aprovar a CPMF para cobrar "cargos no setor elétrico".
O PMDB defende a indicação
imediata de um nome ligado ao
partido para o Ministério de
Minas e Energia, hoje comandado interinamente pelo petista Nelson Hubner.
Segundo a Folha apurou, Lula diz acreditar, porém, que
conseguirá contornar as dificuldades em sua base de apoio.
Dos 53 senadores de partidos
aliados, Lula espera contar
com o apoio de ao menos 49, o
mínimo necessário para aprovar a prorrogação da CPMF em
dois turnos no Senado.
Esse cenário, contudo, deixa
o governo "inseguro" quanto à
votação, segundo o próprio Lula disse a aliados. Por isso, considera fundamental insistir numa negociação com o PSDB.
Ele acredita que é preciso deixar a poeira baixar para voltar a
fazer propostas aos tucanos.
O presidente avalia ainda
que basta articular melhor as
negociações para conseguir os
votos de pelo menos quatro senadores do PSDB, o que já daria uma margem de segurança
para aprovar sua proposta.
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