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MINISTÉRIO PÚBLICO
Schelb teria favorecido empresas das quais tentou captar verba
Processo contra procurador é adiado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho Superior do Ministério Público Federal começou a
discutir ontem a abertura de processo administrativo contra o
procurador regional da República
em Brasília Guilherme Schelb.
A relatora, Maria Caetana, votou pela abertura do processo,
mas a decisão do conselho foi
adiada por um pedido de vista da
conselheira Sandra Cureau.
Não há data prevista para a retomada do processo, mas a expectativa é que ocorra somente no início de fevereiro.
Se for instaurado, o processo
aprofundará a apuração de sindicância aberta em agosto com o
objetivo de esclarecer se Schelb
cometeu ilegalidades ao tentar
captar, para um projeto que ele
próprio criou, recursos de empresas ou entidades que podem ter
sido beneficiadas por investigações das quais o procurador regional participou.
Aprovada a abertura, os dez
membros do conselho, que é presidido pelo procurador-geral da
República, Claudio Fonteles, irão
decidir se Schelb deve ou não ser
afastado do cargo durante a tramitação do processo.
Patrocínio
A base da investigação foi uma
reportagem publicada pela revista
"Época" que trazia acusações
contra Schelb.
A sindicância tramitou em sigilo, e o processo obedecerá ao mesmo rito se for instaurado.
Conforme a reportagem, Schelb
pediu patrocínio de R$ 70 mil a
empresas como Coca-Cola, Fiat,
Souza Cruz e ao Sindicato das
Empresas Distribuidoras de
Combustível para a publicação de
um livro e a construção de um site
na internet.
De acordo com a revista, a Souza Cruz, por exemplo, fora beneficiada por investigação que culminou no desmantelamento de quadrilha de contrabando e falsificação de cigarro.
Schelb atuou em parceria com o
procurador regional da República
em Brasília Luiz Francisco de
Souza em inúmeras investigações. Ao contrário do colega, porém, ele esteve até esse episódio
imune a acusações de conduta irregular na função.
Outro lado
O advogado de Schelb, Antônio
Carlos de Almeida Castro, fez defesa oral do cliente, na reunião do
conselho, dizendo que ele não
praticou nenhum ato imoral nem
ilegal. "Ele podia abrir a empresa
e não utilizou a estrutura do Ministério Público. Se deu um telefonema ou outro [no gabinete], fez
o que todo servidor público eventualmente faz."
A Folha procurou ouvir Schelb
ontem, por meio de seu gabinete,
mas não obteve resposta até a
conclusão desta edição.
Quando a sindicância foi aberta,
em agosto, o procurador regional
confirmou que tinha solicitado
patrocínio a várias empresas, entre as quais a Coca-Cola, a Souza
Cruz e a Brasil Telecom, e disse
que somente a última se dispôs a
financiar o projeto dele.
(SILVANA DE FREITAS)
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