São Paulo, quarta-feira, 08 de dezembro de 2004

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MINISTÉRIO PÚBLICO

Schelb teria favorecido empresas das quais tentou captar verba

Processo contra procurador é adiado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho Superior do Ministério Público Federal começou a discutir ontem a abertura de processo administrativo contra o procurador regional da República em Brasília Guilherme Schelb.
A relatora, Maria Caetana, votou pela abertura do processo, mas a decisão do conselho foi adiada por um pedido de vista da conselheira Sandra Cureau.
Não há data prevista para a retomada do processo, mas a expectativa é que ocorra somente no início de fevereiro.
Se for instaurado, o processo aprofundará a apuração de sindicância aberta em agosto com o objetivo de esclarecer se Schelb cometeu ilegalidades ao tentar captar, para um projeto que ele próprio criou, recursos de empresas ou entidades que podem ter sido beneficiadas por investigações das quais o procurador regional participou.
Aprovada a abertura, os dez membros do conselho, que é presidido pelo procurador-geral da República, Claudio Fonteles, irão decidir se Schelb deve ou não ser afastado do cargo durante a tramitação do processo.

Patrocínio
A base da investigação foi uma reportagem publicada pela revista "Época" que trazia acusações contra Schelb.
A sindicância tramitou em sigilo, e o processo obedecerá ao mesmo rito se for instaurado.
Conforme a reportagem, Schelb pediu patrocínio de R$ 70 mil a empresas como Coca-Cola, Fiat, Souza Cruz e ao Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustível para a publicação de um livro e a construção de um site na internet.
De acordo com a revista, a Souza Cruz, por exemplo, fora beneficiada por investigação que culminou no desmantelamento de quadrilha de contrabando e falsificação de cigarro.
Schelb atuou em parceria com o procurador regional da República em Brasília Luiz Francisco de Souza em inúmeras investigações. Ao contrário do colega, porém, ele esteve até esse episódio imune a acusações de conduta irregular na função.

Outro lado
O advogado de Schelb, Antônio Carlos de Almeida Castro, fez defesa oral do cliente, na reunião do conselho, dizendo que ele não praticou nenhum ato imoral nem ilegal. "Ele podia abrir a empresa e não utilizou a estrutura do Ministério Público. Se deu um telefonema ou outro [no gabinete], fez o que todo servidor público eventualmente faz."
A Folha procurou ouvir Schelb ontem, por meio de seu gabinete, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.
Quando a sindicância foi aberta, em agosto, o procurador regional confirmou que tinha solicitado patrocínio a várias empresas, entre as quais a Coca-Cola, a Souza Cruz e a Brasil Telecom, e disse que somente a última se dispôs a financiar o projeto dele.
(SILVANA DE FREITAS)


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