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Deputados deixam
a reforma política
para o próximo ano
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma política que tramita
na Câmara dos Deputados vai novamente estacionar. Líderes dos
partidos de sustentação do governo Luiz Inácio Lula da Silva chegaram ontem à conclusão de que
não existe apoio suficiente para
aprovar os principais pontos da
reforma e decidiram que só haverá uma nova tentativa de votação
em março do ano que vem.
A proposta de reforma da Câmara tem como principais pontos
a criação do financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais, a votação em listas
de candidatos elaboradas pelos
partidos (e não mais em candidatos isolados) e o fim das coligações entre partidos para as eleições de deputados federais, estaduais e vereadores.
Aprovada no ano ano passado
em uma comissão especial da Câmara dos Deputados, a reforma
está há várias sessões na pauta de
votações da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), último
passo antes de ir ao plenário.
Prioridade
Em reunião recente com deputados federais do PMDB, o presidente Lula disse que a reforma seria sua prioridade no Legislativo
daqui em diante e que, por ele, ela
seria aprovada ainda neste ano.
"Há grande divergência em torno
do financiamento público e das
listas fechadas, que são, na verdade, o coração da reforma", afirmou o deputado Renildo Calheiros (PE), líder do PC do B.
O fato é que o governo conta,
nesse projeto, com mais apoio da
oposição do que dos próprios
aliados. PTB, PP e PL são radicalmente contra os principais pontos do texto e, em caso de insistência na votação ainda neste ano,
havia a ameaça de nova rebelião
legislativa de governistas contra o
Palácio do Planalto.
"Não há consenso para votar
nem na comissão [CCJ], onde há
o risco até de rejeição da proposta,
então decidimos que vamos votar
em março [de 2005]", afirmou o
deputado Renato Casagrande
(ES), líder do PSB. Segundo ele, há
a possibilidade, devido às resistências, de a reforma se transformar em "um mero ajuste".
O sinal que levou a liderança governista a recuar foi realmente a
possibilidade de derrota ainda na
CCJ. A contagem era que havia 27
votos a favor do texto e 24 contrários, e quatro indecisos.
"Se insistirem em lista fechada e
financiamento público, tchau, reforma", afirmou Sandro Mabel
(GO), líder da bancada do PL,
uma das contrárias ao projeto. De
maneira geral, PL, PTB e PP argumentam que o financiamento público é uma proposta indefensável
perante à opinião pública e que as
listas fechadas tornariam ditatorial o poder das cúpulas partidárias, que seriam responsáveis por
sua elaboração. "Lista é coisa de
coronel", acrescentou Mabel.
O financiamento público é defendido principalmente pelo PT,
sob o argumento de que o dinheiro privado nas campanhas eleitorais é uma grande fonte de corrupção na administração pública.
Empresas dariam o dinheiro mediante compromisso de serem beneficiadas pela futura administração. Já as listas são defendidas sob
o argumento de que elas aumentariam a fidelidade aos partidos.
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