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BANCOS ESTADUAIS
BC faz provisão para evitar influência de multa de R$ 1,8 bi na venda
Banespa tem prejuízo bilionário
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
O Banespa deverá registrar um
prejuízo bilionário em seu balanço de dezembro, devido à multa
de R$ 1,8 bilhão aplicada na instituição pela Receita Federal.
O Banco Central decidiu fazer
uma provisão (dinheiro que fica
separado no balanço para cobrir
possível despesa) integral do valor da multa para levar o Banespa
sem problemas à privatização.
Segundo o diretor de Finanças
Públicas do BC, Carlos Eduardo
de Freitas, já foi contratado um
escritório de advocacia para recorrer da penalidade aplicada pela Receita.
Se o Banespa vencer a disputa
judicial, o ganho irá gerar uma receita à instituição que será revertida ao Tesouro Nacional, proporcionalmente à participação acionária hoje detida na instituição.
A União detém 66% das ações
ordinárias do Banespa, percentual que representa 33% do capital total da instituição.
A provisão deverá consumir integralmente o lucro de R$ 520 milhões acumulado pelo Banespa de
julho a novembro e provocar um
prejuízo da ordem de R$ 1 bilhão
em 1999.
Também deverá haver uma redução de cerca de 20% no patrimônio líquido da instituição, que
era de R$ 4,747 bilhões, segundo o
balancete divulgado pelo BC em
novembro.
São esperados também reflexos
no preço mínimo da instituição.
Com patrimônio líquido reduzido, o banco certamente receberá
uma avaliação menor. A avaliação do Banespa sai apenas em 4
de abril próximo e o leilão é esperado para 21 de maio.
A Receita aplicou uma multa de
R$ 1,8 bilhão sobre o Banespa
porque o banco deixou de recolher impostos sobre provisões feitas para o pagamento de funcionários contratados antes de 1976.
A multa provocou atritos entre
o governador Mário Covas
(PSDB-SP) e o governo federal. A
solução encontrada foi o Estado
vender à União por R$ 1,96 bilhão
sua participação no Banespa.
Freitas defendeu a permissão
para que instituições financeiras
estrangeiras participem do leilão
do Banespa, conforme já previsto
no edital de pré-qualificação que
será publicado amanhã.
Em entrevista à Folha, o presidente do BBA, Fernão Bracher,
criticou a decisão do BC, afirmando que a forte presença de estrangeiros torna o sistema financeiro
nacional vulnerável às decisões
das matrizes.
Para Freitas, a permissão para o
ingresso de estrangeiros aumenta
a competição no leilão, ajudando
a vender o banco por um preço
melhor.
Segundo ele, o eventual ingresso de novos bancos estrangeiros
no mercado também aumenta a
concorrência no setor.
O diretor do BC disse que, após
a venda do Banespa, o passo seguinte será vender o Banestado
(Paraná), no segundo semestre.
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