DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa decisão articulada com o Planalto, o ministro Miro Teixeira (Comunicações) deixou ontem o PDT, partido que ajudou a eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e depois rompeu com o governo. "Minha saída foi um ato político de quem imagina ser impensável deixar de apoiar o presidente Lula depois de tanta luta, durante tanto tempo", afirmou.
O PDT havia dado prazo até o próximo dia 31 para seus filiados deixarem o governo. Ao se antecipar a uma possível expulsão do partido, Miro ainda facilita as articulações da reforma ministerial.
Se permanecesse no PDT, Miro obrigatoriamente teria de deixar o cargo, já que pertence a um partido de oposição. Deixando o partido, abre o caminho para permanecer no governo -nas Comunicações ou em outro ministério-, além de poder ser indicado como líder do governo na Câmara ou no Congresso. Segundo a Folha apurou, o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), que já foi convidado pelo Planalto para integrar o governo, é um dos cotados para assumir as Comunicações.
O secretário-executivo das Comunicações, José Guimarães Palácio Neto, também anunciou ontem o seu desligamento do PDT.
Em entrevista, Miro afirmou que não está fazendo nenhuma articulação para permanecer no governo. Disse que vai ficar sem partido por ora, "para não ser confundido com um oportunista, que pode buscar uma legenda para se sustentar no ministério".
Questionado sobre recentes críticas ao governo feitas pelo presidente do PDT, Leonel Brizola, respondeu: "Ao Brizola eu dedico um silêncio respeitoso".
Miro anunciou sua decisão de deixar o PDT por meio de nota, que assina como deputado.
Também em nota, Brizola disse que "a saída de Miro apenas formalizou uma situação que já vinha ocorrendo há muito tempo".
O presidente dos Correios, Airton Dipp, que é do PDT, fez movimento contrário ao de Miro: deixou seu cargo no governo para permanecer no partido e concorrer a prefeito da cidade de Passo Fundo (RS). A saída de Dipp dos Correios estava prevista para março. (WS, GA E HM)

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