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Bastos quer não-índios fora de área
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, vai pressionar o
governador de Roraima, Flamarion Portela, a retirar todos os
não-índios da reserva indígena
Raposa/Serra do Sol e realocá-los
em outras áreas federais. Como
estratégia política, Bastos espera
ter o apoio da bancada do Estado
no Congresso Nacional.
O ministro não trabalha com a
hipótese de intervenção federal,
cogitada pelo governador anteontem, pois prefere uma solução negociada. A idéia é transferir os
produtores de arroz e fazendeiros
para uma faixa contígua aos limites da reserva, mas a diferença de
clima tem sido motivo de receio
para os rizicultores.
Segundo a Funai (Fundação
Nacional do Índio), ao lado da reserva o clima é de cerrado guiano
-específico da Guiana-, diferente da floresta amazônica que
predomina no interior da área indígena. Os agricultores dizem que
esse clima é ruim para a cultura.
Bastos terá uma reunião hoje
com Flamarion em Brasília no
início da tarde. Senadores e deputados federais do Estado são esperados. A Folha apurou que o ministro vai adotar um tom duro na
conversa com o governador.
A reserva já está demarcada
desde 1998. Para concluir o processo falta apenas a homologação
da área pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em dezembro,
Bastos disse que a assinatura
ocorreria até o fim de janeiro.
Com a homologação, a reserva
se torna área federal, com usufruto perpétuo das etnias que habitam a região. Os não-índios também devem ser retirados de lá,
uma tarefa vista como simples pelos técnicos da Funai. Há poucos
anos, a fundação fez a transferência de 5.000 moradores no Maranhão. Em Roraima, a estimativa é
que não chegam a mil os não-índios.
(IURI DANTAS)
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