São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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UM ANO DE LULA

No 1º ano da gestão, 42 pessoas foram mortas no campo, segundo ministério

Sob governo Lula, invasões de terra aumentam 115%

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

O número de invasões de terra no primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva cresceu 115% em relação ao último ano da gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). No período, houve um aumento de 103 para 222 casos, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Além disso, desde 1998 que o país não registrava tantas mortes decorrentes de conflitos agrários -no ano passado, houve 42 assassinatos. Em 2002, durante a campanha eleitoral, Lula afirmou que seria o "único capaz de fazer uma reforma agrária tranquila". Naquele ano, houve 20 mortes ligadas à questão fundiária.
Para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o número de mortes no campo no ano passado foi "espantoso". Já para a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), tanto o avanço das invasões como o dos assassinatos mostram "a ausência do Estado".
Escalada para falar em nome do ministério, a ouvidora agrária nacional substituta, Maria de Oliveira, disse que o fato de o processo de reforma agrária não ter avançado em 2003 na "velocidade" desejada pelo governo federal "abriu espaço para o fortalecimento das milícias armadas". O governo prometeu assentar 60 mil famílias. Chegou a só 36 mil.
Segundo Oliveira, o cumprimento, a partir de 2004, das metas do novo PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária) reduzirá a tensão no campo. No ano passado, o governo anunciou que assentará 400 mil famílias até 2006. "A presença do governo reduz as tensões sociais", afirmou a ouvidora agrária substituta.

Região Norte
Em 2003, o número de mortes decorrentes de conflitos fundiários se concentrou na região Norte, com 73% dos casos. O Estado do Pará é o recordista absoluto, com 19 assassinatos. Lá, em setembro do ano passado, ocorreu uma chacina de sete trabalhadores rurais e um fazendeiro, no município de São Félix do Xingu.
Atrás do Pará vem outro Estado nortista -Rondônia, com oito casos. "Na região Norte, a ausência de políticas públicas e programas de Estado acaba fortalecendo os grileiros de terras. A disputa lá é entre grileiros e fazendeiros", disse Oliveira.
No ranking das invasões de terra, o Nordeste está no topo, com 87 casos, o que representa 39% das 222 ocorridas de janeiro a dezembro em todo o país. Só Pernambuco somou 64 invasões. Paraná (35), São Paulo (22) e Minas Gerais (19) vêm na sequência.
Segundo o ministério, não houve assassinatos desse tipo em 2003 no Sudeste -região que engloba Estados como São Paulo e Paraná, que, juntos, abrigaram 25% das invasões do país.


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