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UM ANO DE LULA
No 1º ano da gestão, 42 pessoas foram mortas no campo, segundo ministério
Sob governo Lula, invasões de terra aumentam 115%
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O número de invasões de terra
no primeiro ano do governo Luiz
Inácio Lula da Silva cresceu 115%
em relação ao último ano da gestão Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002). No período, houve
um aumento de 103 para 222 casos, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Além disso, desde 1998 que o
país não registrava tantas mortes
decorrentes de conflitos agrários
-no ano passado, houve 42 assassinatos. Em 2002, durante a
campanha eleitoral, Lula afirmou
que seria o "único capaz de fazer
uma reforma agrária tranquila".
Naquele ano, houve 20 mortes ligadas à questão fundiária.
Para o MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), o número de mortes no campo no ano passado foi "espantoso". Já para a CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil), tanto o avanço das invasões
como o dos assassinatos mostram
"a ausência do Estado".
Escalada para falar em nome do
ministério, a ouvidora agrária nacional substituta, Maria de Oliveira, disse que o fato de o processo
de reforma agrária não ter avançado em 2003 na "velocidade" desejada pelo governo federal
"abriu espaço para o fortalecimento das milícias armadas". O
governo prometeu assentar 60
mil famílias. Chegou a só 36 mil.
Segundo Oliveira, o cumprimento, a partir de 2004, das metas
do novo PNRA (Plano Nacional
de Reforma Agrária) reduzirá a
tensão no campo. No ano passado, o governo anunciou que assentará 400 mil famílias até 2006.
"A presença do governo reduz as
tensões sociais", afirmou a ouvidora agrária substituta.
Região Norte
Em 2003, o número de mortes
decorrentes de conflitos fundiários se concentrou na região Norte, com 73% dos casos. O Estado
do Pará é o recordista absoluto,
com 19 assassinatos. Lá, em setembro do ano passado, ocorreu
uma chacina de sete trabalhadores rurais e um fazendeiro, no
município de São Félix do Xingu.
Atrás do Pará vem outro Estado
nortista -Rondônia, com oito
casos. "Na região Norte, a ausência de políticas públicas e programas de Estado acaba fortalecendo
os grileiros de terras. A disputa lá
é entre grileiros e fazendeiros",
disse Oliveira.
No ranking das invasões de terra, o Nordeste está no topo, com
87 casos, o que representa 39%
das 222 ocorridas de janeiro a dezembro em todo o país. Só Pernambuco somou 64 invasões. Paraná (35), São Paulo (22) e Minas
Gerais (19) vêm na sequência.
Segundo o ministério, não houve assassinatos desse tipo em 2003
no Sudeste -região que engloba
Estados como São Paulo e Paraná,
que, juntos, abrigaram 25% das
invasões do país.
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