São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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NO AR

Quixote e o PT

NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA

Marta Suplicy estava lá. Ao lado de dona Filomena, de João Suplicy e Maria Paula, do "Casseta e Planeta". Na platéia, José Dirceu, Antonio Palocci e, no que foi possível distinguir, dezenas de ministros. Jaques Wagner, a certa altura, parecia cochilar.
E Lula, o presidente, que se derramou.
O senador Eduardo Suplicy, no evento político-midiático de ontem, com cobertura ao vivo nos canais e rádios de notícias e depois nos telejornais, teve o seu dia de desagravo.
A certa altura, emocionou-se. Maria Paula também.
Lula ajudou para tanto. Elogiou a "teimosia", a "persistência", a "ousadia", a "abnegação". Disse que Suplicy é um exemplo para todos os políticos brasileiros.
Comparou o senador a d. Quixote, o que para alguns pode soar até ofensivo, mas não para Suplicy.
Ele chorou, disse que não tinha como se controlar:
- Permita, presidente Lula. Eu quero lhe dar um beijo.
Foi lá e beijou, entre aplausos e sorrisos.
Simbolicamente, uma beleza. Mas, como lembrou o Jornal da Record, não estão previstos os recursos para o Renda Mínima, agora chamado Renda Básica, por mais um, dois ou muitos e muitos anos.
Lula pediu paciência.
 
Marta foi ao desagravo, mas em São Paulo o senador é um dos que vêm sendo incomodados pelas obras neste ano eleitoral. Da Globo:
- Tapumes, ruas interditadas e vários desvios. Os paulistanos convivem hoje com oito grandes obras.
Mais à frente:
- Pontes, viadutos, avenidas inteiras fechadas. A cidade se transformou num grande canteiro de obras.
Até terminarem as obras, não vai faltar reclamação. Comerciantes usam a cobertura para avaliações descontroladas de queda no movimento -60%, até 80%.
Suplicy, segundo a Jovem Pan, é "um dos afetados" e "confessa que aumentou o barulho na rua onde mora, que agora é desvio para o trânsito".
Comentário da prefeita à rádio CBN:
-Não há como melhorar o trânsito naquela região se você não incomodar um certo período. Nós vamos nos apressar para acabar a obra.
Se fosse apenas o trânsito, o impacto seria baixo, mas vêm aí as taxas. Segundo a mesma CBN, na semana dos 450 anos começam a chegar pelo correio, aos paulistanos, os novos carnês do IPTU e do lixo.


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