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OPERAÇÃO ANACONDA
Agente Herman Rodriguez passou procuração a sócio
Policial tentou sacar verba bloqueada
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O MPF( Ministério Público Federal) conseguiu frustrar uma
tentativa de saque de R$ 328 mil
de uma conta bancária de César
Herman Rodriguez, entre os feriados de fim de ano, quando o
agente da Polícia Federal, um dos
réus da Operação Anaconda, já
estava com os bens bloqueados
pela Justiça Federal.
Em 26 de dezembro, sexta-feira,
a procuradora da República Janice Ascari recebeu a informação de
que o empresário Cícero Viana
Filho -que seria sócio de Herman Rodriguez em empreendimentos imobiliários- tentara sacar aquela importância em espécie, com uma procuração, numa
agência da Nossa Caixa.
Por desconfiarem da operação,
os funcionários da Nossa Caixa
emitiram um cheque administrativo (com garantia do banco).
No final do expediente bancário
daquela sexta-feira, o cheque foi
apresentado para depósito numa
agência do Banco Itaú, em conta
cujo titular o MPF suspeita seja
parente de Herman Rodriguez.
Naquele final de semana, Ascari
formalizou o pedido de sequestro
e o bloqueio do dinheiro. Na segunda-feira, dia 29, a desembargadora Therezinha Cazerta, relatora da ação penal que tramita no
Tribunal Regional Federal da 3ª
Região, determinou o bloqueio e
o sequestro daquele valor.
Os bens do agente e de outros
réus da Operação Anaconda haviam sido bloqueados no dia 15 de
dezembro pelo juiz federal Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara
Cível.
O bloqueio -uma medida preventiva para evitar que o patrimônio dos réus seja dilapidado- havia sido requerido pelo MPF no
dia 10 de dezembro, ao propor
ação civil pública por improbidade administrativa contra 17 pessoas e duas empresas acusadas de
envolvimento com a suposta quadrilha que vendia sentenças.
Viana Filho é dono de uma rede
de revendas da Chevrolet, a Itororó, de uma empresa de táxi aéreo
e de uma pedreira. A Polícia Federal suspeita que ele tenha usado
uma dessas empresas para legalizar dinheiro de operações suspeitas de Herman Rodriguez.
A PF encontrou na casa do
agente federal dois cheques, de R$
520 mil e R$ 765 mil. A Folha revelou em novembro que o empresário e o policial seriam sócios na
construção de um prédio de 15
andares na avenida Angélica, na
região central de São Paulo.
Outro lado
O advogado Hermínio Alberto
Marques Porto Jr., que defende
Herman, diz que seu cliente "não
está querendo dar informações à
imprensa antes do interrogatório" [será no próximo dia 14].
Porto Jr. atribuiu o sequestro e
bloqueio à notificação que advogados de Cícero Viana Filho teriam feito ao MPF quando o empresário pretendeu devolver
aquela importância a Herman
por meio de um termo de distrato, ou seja, a anulação, através de
notificação extrajudicial, de contrato anterior com o agente da PF.
O advogado Luiz Fernando Pacheco Sá, que defende Cícero Viana Filho, diz que seu cliente fez
uma notificação a Herman desfazendo o negócio que mantinha
com o agente federal no prédio da
avenida Angélica, tendo feito um
depósito na conta do policial.
"Diante dos fatos que foram noticiados [a Operação Anaconda],
ele entendeu por bem desfazer o
negócio", disse Pacheco Sá.
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