São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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OPERAÇÃO ANACONDA

Agente Herman Rodriguez passou procuração a sócio

Policial tentou sacar verba bloqueada

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O MPF( Ministério Público Federal) conseguiu frustrar uma tentativa de saque de R$ 328 mil de uma conta bancária de César Herman Rodriguez, entre os feriados de fim de ano, quando o agente da Polícia Federal, um dos réus da Operação Anaconda, já estava com os bens bloqueados pela Justiça Federal.
Em 26 de dezembro, sexta-feira, a procuradora da República Janice Ascari recebeu a informação de que o empresário Cícero Viana Filho -que seria sócio de Herman Rodriguez em empreendimentos imobiliários- tentara sacar aquela importância em espécie, com uma procuração, numa agência da Nossa Caixa.
Por desconfiarem da operação, os funcionários da Nossa Caixa emitiram um cheque administrativo (com garantia do banco).
No final do expediente bancário daquela sexta-feira, o cheque foi apresentado para depósito numa agência do Banco Itaú, em conta cujo titular o MPF suspeita seja parente de Herman Rodriguez.
Naquele final de semana, Ascari formalizou o pedido de sequestro e o bloqueio do dinheiro. Na segunda-feira, dia 29, a desembargadora Therezinha Cazerta, relatora da ação penal que tramita no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, determinou o bloqueio e o sequestro daquele valor.
Os bens do agente e de outros réus da Operação Anaconda haviam sido bloqueados no dia 15 de dezembro pelo juiz federal Djalma Moreira Gomes, da 25ª Vara Cível.
O bloqueio -uma medida preventiva para evitar que o patrimônio dos réus seja dilapidado- havia sido requerido pelo MPF no dia 10 de dezembro, ao propor ação civil pública por improbidade administrativa contra 17 pessoas e duas empresas acusadas de envolvimento com a suposta quadrilha que vendia sentenças.
Viana Filho é dono de uma rede de revendas da Chevrolet, a Itororó, de uma empresa de táxi aéreo e de uma pedreira. A Polícia Federal suspeita que ele tenha usado uma dessas empresas para legalizar dinheiro de operações suspeitas de Herman Rodriguez.
A PF encontrou na casa do agente federal dois cheques, de R$ 520 mil e R$ 765 mil. A Folha revelou em novembro que o empresário e o policial seriam sócios na construção de um prédio de 15 andares na avenida Angélica, na região central de São Paulo.

Outro lado
O advogado Hermínio Alberto Marques Porto Jr., que defende Herman, diz que seu cliente "não está querendo dar informações à imprensa antes do interrogatório" [será no próximo dia 14].
Porto Jr. atribuiu o sequestro e bloqueio à notificação que advogados de Cícero Viana Filho teriam feito ao MPF quando o empresário pretendeu devolver aquela importância a Herman por meio de um termo de distrato, ou seja, a anulação, através de notificação extrajudicial, de contrato anterior com o agente da PF.
O advogado Luiz Fernando Pacheco Sá, que defende Cícero Viana Filho, diz que seu cliente fez uma notificação a Herman desfazendo o negócio que mantinha com o agente federal no prédio da avenida Angélica, tendo feito um depósito na conta do policial.
"Diante dos fatos que foram noticiados [a Operação Anaconda], ele entendeu por bem desfazer o negócio", disse Pacheco Sá.


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