São Paulo, segunda-feira, 09 de janeiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESSÃO NO CAMPO

Cerca de 500 integrantes do movimento, ligados ao líder José Rainha, invadem oito propriedades na região em protesto contra Alckmin

MST faz maior ofensiva desde 2003 no Pontal

CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE (SP)

Na maior ofensiva dos últimos três anos no Pontal do Paranapanema, cerca de 500 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram oito fazendas em cinco cidades nesse final de semana.
As ações foram articuladas pelo coordenador José Rainha Jr., que evitou comparecer nas áreas temendo represálias da Justiça. Beneficiado por um habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedido há pouco mais de um mês, Rainha responde em liberdade uma condenação de dez anos de prisão por furto qualificado e incêndio criminoso durante uma invasão ocorrida em 2000.
A "jornada de luta", como batizou o movimento, foi liderada por aliados de Rainha. Ele rompeu com parte da direção regional da organização, mas segue comandando a maior parte dos acampamentos do Pontal.
De acordo com o coordenador Vaguimar Nunes, a série de invasões, iniciada no sábado, é um protesto pelo não cumprimento da promessa do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência, feita em 2003, de assentar 1,4 mil famílias na região.
"O governo do Estado está fazendo pouco caso da reforma agrária. Enquanto gasta mais de R$ 10 milhões para reformar presídios destruídos por rebeliões a gente fica jogado na beira da estrada", afirmou.
Todas as fazendas invadidas pertencem a uma área denominada pelo MST de microrregião 3, cuja responsabilidade é de José Rainha. Somente no município de Mirante do Paranapanema, local sob forte influência do coordenador, foram quatro fazendas invadidas: São Francisco, Bonanza, Morumbi e São Luiz.
As demais áreas são em Teodoro Sampaio, Caiuá, Presidente Venceslau e Santo Anastácio.
De acordo com as polícias das cidades onde aconteceram as ações, não houve incidentes graves ou reação dos fazendeiros.
Três proprietários ouvidos ontem pela reportagem afirmaram que vão pedir a reintegração de posse hoje. Dois deles, Daniel Luizari Neto (dono da fazenda Santa Luzia) e Carlos Arthur Platzeck (fazenda São Luiz), disseram que as áreas têm interdito proibitório, benefício concedido pela Justiça para impedir novas invasões.
A reportagem procurou ontem o diretor executivo do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), Jonas Villas Boas, mas seu celular estava na caixa postal.


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