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Economistas vêem prejuízo ao país
da Reportagem Local
Economistas ouvidos pela Folha
avaliam que a atitude do governador de Minas, Itamar Franco
(PMDB), de anunciar a suspensão
do pagamento das dívidas do Estado provocou desgaste na imagem
do Brasil no exterior.
Na opinião de Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda (1988-1989), a decisão de Itamar atrapalha o esforço do Brasil de construir
uma imagem de país que honra
seus compromissos.
"O mercado até hoje não esqueceu a moratória decretada pelo governo Sarney em 1987. Quando um
ex-presidente, que é considerado
um dos pais do Real, decide decretar moratória de seu Estado, aumenta a desconfiança em relação
ao Brasil", disse Mailson.
Na opinião do ex-ministro, a situação se torna mais grave porque
o país passa por um momento em
que precisa ajustar suas contas para ter maior credibilidade no exterior.
Segundo ele, o estrago deve durar de 30 a 60 dias e pode ser desfeito com as repercussões da reação
do governo federal e com a aprovação, pelo Congresso, de algumas
medidas do ajuste fiscal.
O ex-presidente do Banco Central Fernão Bracher também acha
que o gesto do governador Itamar
Franco prejudica a reputação do
país no exterior.
"Por que o Brasil não é considerado sério lá fora? Porque existem
forças políticas importantes no
país que mostram que, quando a
coisa não está dando certo internamente, apertam lá fora. Não ter dinheiro para pagar uma dívida é algo que pode acontecer, mas uma
coisa é sentar para conversar, outra é tomar uma decisão unilateral.
Isso que o Itamar fez é muito grave", afirmou Bracher, atualmente
presidente do banco BBA.
O ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas (1980-85) avalia que
houve exagero. "Existe um quadro
difícil em Minas, mas o governador não poderia colocar as coisas
como colocou. Se ele não pode pagar, deveria informar o governo federal e negociar".
Galvêas também citou os efeitos
negativos provocados pela moratória decretada por Sarney. "Tivemos que pagar muito mais juros
porque perdemos o poder de negociação."
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Empresários
O presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais, Stefan Salej, afirmou
que a medida de Itamar "não é boa
para o Estado nem para o país". "O
caminho da negociação é sempre o
mais importante para a solução
dos problemas", declarou. Salej
pediu "boa vontade" por parte dos
governos de Minas e federal para
uma "negociação" positiva.
Joseph Couri, presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena
Indústria do Estado de São Paulo),
também discordou da decisão de
Itamar. "Significa rompimento de
diálogo, de equilíbrio e de bom
senso. Acredito que todos têm o
direito de renegociar dívidas e o
governador (Itamar), mais do que
ninguém, deveria conhecer esse ritual da renegociação."
Para Couri, a decisão é "leviana e
irresponsável" e afeta a credibilidade do país no exterior.
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