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SUCESSÃO
Confusão teve início no gramado do Congresso; porta de vidro do plenário da Câmara foi quebrada
Manifestantes trocam socos e pontapés
da Sucursal de Brasília
A convenção
do PMDB foi
transformada
em cenário de
guerra por militantes e seguranças, que trocaram socos, pontapés e empurrões dentro e fora do plenário.
O resultado foi uma porta de vidro quebrada e manifestantes
contratados pelos governistas e do
MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) ligado ao ex-governador Orestes Quércia) feridos.
A confusão começou antes mesmo
do início da convenção, do lado de
fora do Congresso. Manifestantes
e policiais promoveram um empurra-empurra no gramado em
frente ao Congresso.
Do lado de dentro, o primeiro
incidente ocorreu quando um
grupo de manifestantes contratado pelos governistas enfrentou os
seguranças da Câmara. Eles tentavam entrar à força no plenário,
onde ocorria a convenção.
A porta de vidro da entrada
principal acabou sendo quebrada,
e o plenário foi ocupado pelos manifestantes. Eram 9h38.
"Se ficar todo mundo batendo
palmas, o Itamar (ex-presidente
Itamar Franco) vem fazer discurso
de presidente. Quero ver ele fazer
discurso assim", afirmou o ministro Eliseu Padilha (Transportes).
O coordenador dos manifestantes, Fábio Simão, disse à Folha que
estava ali a pedido do deputado
governista Sandro Mabel (GO).
"Fala com o Sandro Mabel. Ele
fala por nós. Agora dá licença que
eu sou convencional e quero votar", afirmou. Simão foi secretário
particular do ex-governador Joaquim Roriz (PMDB-DF).
Mabel negou que tivesse qualquer relação com os manifestantes, mas não quis acompanhar o
repórter da Folha até Simão, para
esclarecer a acusação.
"Eles são nossos, só não sei de
onde", disse mais tarde à Folha,
ao ser questionado sobre o fato de
os manifestantes de camiseta amarela estarem com os militantes
pró-FHC. Eles usavam camisetas
com a frase: "Sou PMDB. Vou de
FHC".
O próprio Mabel se envolveu em
uma briga na entrada do plenário.
Ele trocou empurrões com Amauri Perusso, que disse ser membro
do Diretório Municipal do PMDB
de Porto Alegre. "Tira esse cara da
porta. Ele é porteiro?", gritava Mabel a Perusso, que impedia sua entrada no plenário.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), acompanhou
o tumulto do seu gabinete. Ele determinou a liberação do plenário
para a entrada dos manifestantes,
mas a segurança demorou para
encontrar a chave da porta.
Microfone
Os manifestantes governistas,
todos com físico de frequentadores de academia de ginástica, demonstravam que queriam briga.
Inicialmente, ficaram postados na
lateral do plenário, à esquerda da
Mesa. A segurança da Câmara não
conseguiu convencê-los a sair do
plenário.
O tumulto aumentou quando
chegaram os militantes do MR-8,
partidários da candidatura própria. Eles entraram pela porta exclusiva dos deputados.
Os seguranças da Câmara deixaram que eles brigassem. "Deixa
eles se matarem, depois a gente
carrega os corpos", afirmou um
segurança. Quando os dois grupos
se encontraram no meio do plenário, partiram para a agressão.
A briga acabou provocando ferimentos. Um militante do grupo
pró-candidatura própria feriu-se
no rosto. Com o sangue escorrendo até o pescoço, o militante se jogou contra a claque governista.
Na Mesa da Câmara, os líderes
do PMDB, senador Jader Barbalho
(PA) e deputado Geddel Vieira Lima (BA), negociavam com o presidente do partido, Paes de Andrade (CE), a retirada dos manifestantes do plenário. O presidente
do PMDB não concordou.
Enquanto Jader discursava, estourou uma nova briga entre os
manifestantes. Terminada a intervenção de Jader, defensores da
candidatura própria tentaram arrancar o microfone das mãos do
senador. Jader e Geddel resistiram
e o fio do microfone rompeu-se.
(LUIZA DAMÉ E LUCIO VAZ)
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