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Governistas
pagam apoio
CYNARA MENEZES
Enviada especial a Brasília
A militância de aluguel
-toda pró-FHC- dominou a convenção do PMDB.
A R$ 40,00 por cabeça, os
militantes profissionais trabalharam bem: conseguiram ofuscar no plenário até
os exaltados seguidores do
MR-8, todos quercistas.
Quando o ex-presidente
Itamar Franco discursou e
se ouviu a todo volume
"Rá, Rá, Rá, Fora Itamar",
eram eles fazendo jus ao
que receberam. Quando
vaiaram o inflamado discurso do senador Roberto
Requião (PR), convocando
o PMDB "que não se compra e não se vende", também era uma ação profissional, orientada por animadores de auditório.
No plenário, à esquerda
da Mesa, distinguia-se muito claramente dois grupos
uniformizados, pró-FHC.
Um grupo de 90 mocinhas
de minissaia, contratado
pelos governistas à empresa Soic Eventos, de Brasília,
era orientado a repetir palavras de ordem por dez
monitoras com microfones
de ouvido, à maneira das
estrelas de rock.
Quem perguntava às meninas se elas votavam no
PMDB ouvia em resposta
um sonoro "não". Mesmo
as coordenadoras de grupo,
como Vânia Ferreira, 26,
não demonstravam nenhuma simpatia pelo partido.
O outro grupo, formado
por 120 pessoas de camisa
amarela, na maioria rapazes musculosos, dizia ter sido contratado também a
R$ 40,00 pelo deputado
Luiz Estevão, da Assembléia Distrital.
Estevão negou que tenha
contratado os militantes.
Disse que durante toda a
semana mobilizou lideranças comunitárias de cidades-satélites de Brasília para a convenção do partido.
"Eu seria um 'bestialóide' se levasse 5.000 pessoas
a R$ 40 cada uma."
Enquanto, nos discursos,
os governistas lembravam a
ligação entre Itamar e Collor, uma kombi da Fundação Comunidade, de Luiz
Estevão, distribuía comida
do lado de fora. Era gente
trazida das cidades-satélites
de Brasília -mais de 450
pessoas, segundo os próprios coordenadores-, em
ônibus fretados, para dar
volume ao evento.
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