São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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"Grande irmão" já custa R$ 14,4 mi

da Reportagem Local

Os primeiros passos para a criação de mecanismos antifraudes no sistema de saúde municipal consumirão até o final da gestão do prefeito Celso Pitta (PTN) pelo menos R$ 14,4 milhões.
O valor é a soma de três contratos já assinados pela Secretaria Municipal da Saúde com a Fundação Getúlio Vargas, com a Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município) e com a Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), da Universidade de São Paulo (USP).
Para o projeto ser completado, porém, muitos outros milhões terão de ser investidos pela próxima administração, pois os contratos em vigência terão terminado.
A idéia é que todo o sistema de saúde seja ligado por cabos, ondas ou transmissão telefônica ao prédio da Secretaria Municipal da Saúde, na avenida Paulista.
Pelos computadores da secretaria, então, o secretário e seus assessores diretos poderão checar as consultas feitas nas unidades, o remédio dispensado a cada paciente, a saída desse remédio do estoque, as compras feitas pelas unidades, o valor unitário de cada medicamento etc.
À FGV coube a concepção desse sistema integrado de gestão, segundo o chefe de gabinete da secretaria, César Castanho.
A Prodam é responsável pela operacionalização do sistema, ou seja, tem que instalar os cabos, criar os softwares, fornecer os equipamentos e treinar o pessoal para operar o novo programa.
A Fipecafi, por fim, será responsável por fazer um nova checagem nos dados apontados pelo sistema computadorizado, ou seja, fará o relatório a partir do qual os gastos serão considerados regulares ou não.
De acordo com as previsões da secretaria, se não for paralisado no próximo governo, o projeto poderá estar funcionando plenamente em seis anos.

Reação
A reação antifraude da gestão Pitta só começou, porém, no início de 99, quando estouraram as denúncias de corrupção do escândalo batizado de "máfia da propina" -uma rede de corrupção que, comandada por servidores e instalada na máquina administrativa, desviava dos cofres públicos montantes ainda não estimados pelos investigadores.
Durante os dois primeiros anos da atual administração, Pitta, como o padrinho e antecessor Paulo Maluf, deu continuidade ao PAS, sem determinar glosas às cooperativas nem criar mecanismos de controle de seus gastos.
Castanho, chefe de gabinete de Pagura -que assumiu em março de 98-, afirma que os procedimentos demoraram a ser iniciados porque o PAS foi criado às pressas, sem que a secretaria tivesse estrutura para cumprir o papel fiscalizador que lhe fora atribuído pelo sistema.
Para rever as contas de 96 e 97, segundo Castanho, a secretaria teve que convocar 12 assessores jurídicos de outras unidades. O trabalho, pronto na semana passada, demorou um ano. (SC)

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