|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desvios incluem compras sem
contrato e pagamento duplo
da Reportagem Local
As auditorias feitas pela Secretaria Municipal da Saúde nos módulos do PAS em 96 e 97 estão separadas em 23 processos -todos
já revisados e aprovados pela Secretaria Municipal das Finanças.
A Folha obteve a íntegra de um
deles. No processo -que analisa
as contas do módulo 1 em 96- as
irregularidades variam de compras sem contrato, passando por
pagamentos duplos e chegando a
juros inexplicáveis pagos a fornecedores por atrasos indevidos na
liquidação das faturas.
Em um dos casos, a cooperativa
pagou em abril daquele ano R$
96.597,24 (valores sem atualização) por serviços de "lavanderia
industrial" que não estavam respaldados por contrato.
Em outro caso, também em valores da época, a cooperativa pagou R$ 157.408,07 a uma empresa
e R$ 71.609,75 a outra. Detalhe:
ambas prestavam o mesmo serviço de recursos humanos que estava previsto entre as incumbências
da gerenciadora, que levava 6%
do repasse da cooperativa.
Não é só. Há outros R$
4.119.131,04 gastos com empresas
que não tinham contrato formal
com a cooperativa e que não apresentaram comprovantes de prestação dos serviços pagos.
Além desses casos, outros
-com indícios ainda mais contundentes de fraudes- estão nas
mãos da Justiça, da Secretaria dos
Negócios Jurídicos e do Ministério Público Estadual.
Em um deles -o primeiro que
chegou à Justiça- há depoimentos e laudos que atestam que funcionários do PAS faziam a prefeitura pagar por serviços que nunca
foram prestados. Em troca, recebiam propina do "fornecedor".
O empresário João Valderson
Maroni confessou nunca ter entregue nenhum produto ao PAS.
Segundo Maroni, sua empresa
-que nem tinha estoque- vendeu as notas à cooperativa 1.
Na transação, ele ganhou apenas 10% dos R$ 645 mil lançados
nos documentos. O resto, afirma,
saiu dos cofres municipais e foi
depositado em sua conta, mas ele
sacou em parcelas e devolveu o
dinheiro -no Hospital Menino
Jesus- a um funcionários do
PAS de nome Luiz Carlos.
Há mais. Três das oito auditorias feitas nas cooperativas flagraram superfaturamentos e outras
compras fantasmas.
Em alguns casos listados nos relatórios, o superfaturamento chega a 185%. Muitas vezes o fornecedor que superfaturava era parente do comprador.
As auditorias flagraram também empenhos feitos usando
duas vezes a mesma nota fiscal,
ausência de cotação de preços e
programação de pagamento sem
contrapartida de notas fiscais.
No módulo 2 (Butantã/ Lapa),
por exemplo, estudo feito pela
Cokinos Associados Auditores
Independentes aponta superfaturamento nas compras de 29 dos
71 fornecedores -41%.
O superfaturamento varia de
17% a 185% e atinge fornecedores
de segurança, alimentação, exames e medicamentos.
De outros cinco fornecedores, a
compra foi fantasma. Em outros
três, as notas fiscais estavam sendo contabilizadas duas vezes.
Somando tudo, a cooperativa
desperdiçou mais de R$ 3 milhões
de verbas públicas em cinco meses de trabalho.
(SC)
Texto Anterior: "No começo, prioridade era atender bem' Próximo Texto: Coleção: Folha lança obras clássicas do Brasil Índice
|