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JUSTIÇA
Ministério Público Federal acusa Paulo Theotonio Costa, do TRF, de falsificação de documento público
Desembargador é denunciado ao STJ
OUTRO LADO
ROBERTO COSSO
da Reportagem Local
O desembargador federal Paulo
Theotonio Costa, da 1ª turma do
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 3ª Região, em São Paulo, foi denunciado à Justiça sob a acusação
de ter cometido os crimes de falsificação de documento público e
de tentativa de calúnia.
As denúncias foram oferecidas
pela subprocuradora-geral da República Yedda Lourdes Pereira,
na última quarta-feira, ao ministro Humberto Gomes de Barros,
da Corte Especial do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Em entrevista à Folha, Theotonio Costa disse que irá se manifestar somente no processo, quando
for intimado para apresentar sua
defesa prévia (leia texto ao lado).
A denúncia (acusação formal) é
feita perante o STJ porque é o tribunal competente para julgar desembargadores federais.
A Folha não teve acesso aos autos porque os dois processos estão sob segredo de Justiça. O andamento dos inquéritos obtido
no site do STJ na Internet mostra
que houve denúncia nos dois casos (veja quadro ao lado).
A Folha apurou que o ministro
Humberto Gomes de Barros levou os volumes para casa, em
Brasília, para apreciá-los no final
de semana.
Ele deve abrir prazo para o desembargador apresentar sua defesa prévia e só então decidirá se
recebe ou não as denúncias. Caso
pelo menos uma delas seja recebida, o desembargador passará a ser
réu em processo criminal.
O suposto crime de falsificação
de documento público foi apurado pelo inquérito 231 do STJ, instaurado em abril do ano passado,
a partir de representação da desembargadora Suzana Camargo,
da 5ª turma do TRF.
Em 2 de janeiro de 1998, Theotonio Costa respondia pela Turma de Férias do TRF quando Sérgio Roberto de Carvalho, major
da Polícia Militar de Mato Grosso
do Sul, entrou com um habeas
corpus, para tentar autorização
para sair da cadeia. Ele havia sido
preso em flagrante por porte de
mais de 270 kg de cocaína.
Segundo o Ministério Público
Federal apurou, o habeas corpus
foi inicialmente distribuído à desembargadora Suzana Camargo,
por prevenção, já que ela já havia
apreciado outro recurso apresentado pelo major.
Segundo o inquérito 231, Theotonio Costa cancelou a distribuição feita pelos computadores do
TRF e, depois do expediente, fez
uma nova distribuição, desta vez
manual, do mesmo habeas corpus. Ele mesmo acabou sendo
sorteado relator do processo.
Em seguida, o desembargador
federal concedeu a liminar para libertar o major, preso em flagrante
por tráfico. Ele saiu da cadeia.
No início de fevereiro de 98,
quando voltou de férias, Suzana
Camargo revogou a liminar e expediu uma nova ordem de prisão
contra o major, que acabou preso
novamente.
Ele já foi condenado em primeira instância, mas entrou com uma
apelação que tem a desembargadora como relatora. Aguarda preso, em regime fechado, o recurso.
o processo acumula cerca de 300
volumes.
De acordo com a denúncia
apresentada pelo Ministério Público Federal contra Theotonio
Costa, teria ficado comprovado
que ele alterou os registros do tribunal para beneficiar o traficante.
A tentativa de calúnia foi apurada pelo inquérito 256 e trata de
um suposto pedido de Theotonio
Costa para que uma traficante
presa representasse contra o juiz
Odilon de Oliveira, de Campo
Grande (MS), acusando-o de fatos que não seriam verdadeiros. A
denúncia se baseia exclusivamente no depoimento pessoal da traficante.
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