São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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Interino critica "país de subconsumo"

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PALOTINA

O presidente interino da República, José Alencar, voltou ontem a criticar a política de juros altos no país. Em Palotina (oeste do Paraná), onde esteve para inaugurar um complexo industrial, José Alencar disse que o Brasil "é ainda um país de subconsumo e que não dá para achatar o consumo de quem não consome".
A afirmação foi feita em uma rápida e tumultuada coletiva, ao ser questionado sobre quando o país iria começar a baixar as taxas de juros. Para o presidente em exercício, é preciso que os objetivos do Banco Central não sejam apenas ligados na questão da inflação.
"Combater a inflação é importante, mas precisamos aproveitar a potencialidade de crescimento da economia brasileira. Precisamos gerar o máximo de empregos, pois, do contrário, vamos aplicar um taxa de juros muito alta, que inibe o consumo", disse.

"Dez vezes maiores"
Alencar, que fez questão de ressaltar que é o Banco Central que decide as taxas, criticou o fato de o Brasil ter taxas entre "dez e 12 vezes maiores, na média, que os outros 40 países que têm Banco Central e também adotam uma política monetária para administrar a questão inflacionária".
Antes, em seu discurso para uma platéia de 15 mil agricultores -mais da metade da população de Palotina, que é de 29 mil habitantes-, Alencar já havia criticado a política econômica adotada pelo governo federal.
Ao elogiar o empreendimento da cooperativa agroindustrial C.Vale, que investiu RS 240 milhões em um novo complexo industrial, o presidente em exercício lamentou o fato de a maior rubrica do Orçamento da União ser para o pagamento de juros, em detrimento do desenvolvimento.
Ele fez questão de falar que não concordava com o aperto no Orçamento para pagamento de juros da dívida externa.
Antes dele, em um discurso também contra os juros altos, o governador Roberto Requião (PMDB) disse não ter "certeza se a dívida externa brasileira já não foi paga". O governador disse ter certeza de que o presidente em exercício concordava com sua posição contra as altas taxas de juros impostas pelo Banco Central.
José Alencar, que chegou e saiu de helicóptero do complexo industrial da C.Vale, não chegou a ver um protesto de estudantes universitários.
Com faixas pedindo recursos do governo federal, cerca de 60 universitários pediam apoio do presidente para melhorias na infra-estrutura do campus avançado da UFPR (Universidade Federal do Paraná) em Palotina. Na cidade, a UFPR mantém apenas o curso de medicina veterinária.


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