DO ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Por cerca de uma hora e meia, o restaurante La Piccola Cuccagna, na região central de Roma, foi sede de dois dos três Poderes da República. À mesa, Severino Cavalcanti (Câmara), Renan Calheiros (Senado) e Nelson Jobim (Supremo Tribunal Federal). Os três almoçaram, acompanhados de um funcionário do Itamaraty que havia indicado o local. No cardápio, além da recém-assistida missa fúnebre do enterro de João Paulo 2º, bom humor sobre a conflituosa política brasileira acompanhado de massa e vinho tinto.
"Minha filha acabou de dizer que a revista dos economistas de Londres disse que eu sou o tormento do presidente Lula", disse, rindo às gargalhadas, Severino. Ele se referia na verdade à edição desta semana da revista "The Economist", que fez esse comentário sobre o presidente da Câmara. Em outro momento, brincou-se que os três estavam tramando um novo aumento para o funcionalismo -numa referência à bandeira de campanha de Severino e ao já arraigado apego do Judiciário a seus proventos e benesses.
Falou-se de política e do funeral do papa, mas a atração era mesmo Severino. Renan e Jobim não escondiam estarem se divertindo com o deputado, não muito experiente em viagens internacionais e nos ritos do poder.
"E aí, vocês acham que é bom para uma deputada ir a Miami?", disse, numa referência à uma viagem que ele acertou por telefone com sua filha, Ana Cavalcanti, que é deputada estadual pelo PP em Pernambuco.
No mesmo telefonema, Severino pediu para Ana acertar a impressão de 5.000 calendários com a foto do deputado durante um encontro que teve com o papa.
Ao fim, uma fatura em conta em se tratando de Roma: 100 euros para os quatro, cerca de R$ 330. "Essa o Severino paga", disparou Renan, no que o deputado pegou a conta para si. "Melhor, Severino, você tem verba de gabinete", brincou Jobim. Os três estão hospedados no mesmo hotel, o Eliseo, em Roma, e voltam amanhã juntos para o Brasil. (IGOR GIELOW)


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