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DIPLOMACIA
Presidente afirmou ainda, em Roma, que dará auxílio à ilha de Fidel Castro na luta contra o bloqueio econômico dos EUA
Lula diz que ajudará Cuba a ter democracia
IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A ROMA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fez ontem uma rara declaração pedindo democracia em Cuba, governada desde 1959 pelo ditador Fidel Castro, seu amigo pessoal. Por "pedir" entenda-se uma
cuidadosa ponderação de que o
"Brasil pode ajudar a construir o
processo democrático em Cuba".
Para chegar a essa formulação,
respondendo a pergunta da Folha
em conversa ontem com jornalistas em Roma, Lula discorreu sobre temas conhecidos do discurso
petista pró-Fidel. "Temos muito a
fazer pela democracia em Cuba.
Temos que ajudar na luta contra o
bloqueio [econômico imposto
pelos norte-americanos há quatro
décadas]. O Brasil tem uma chance de ajudar a dar normalidade
nas relações de Cuba."
Lula havia se encontrado, pouco antes, com o presidente da Assembléia Nacional cubana, seu
amigo Ricardo Alarcón -que lhe
presenteou com uma caixa de
charutos cubanos Romeo y Julieta. Lula não ia falar sobre o presente, mas a caixa nas mãos do
cubano à entrada da Embaixada
do Brasil em Roma e o cheiro de
fumaça na sala contígua à da entrevista consumaram a denúncia.
O presidente discorria sobre a
viagem que começa amanhã a
cinco países africanos. Com o
chanceler Celso Amorim a seu lado, repisou a retórica de que "o
Brasil é o país do século 21" e falou
de sua política de aproximação
com a África. Para reforçar os laços entre brasileiros e africanos,
disse: "Todos nós temos algo de
negro, mesmo nas células". Amorim completou: "Na alma".
Lula ressaltou ainda que a aproximação pode ajudar a trazer a
democracia ocidental para esses
países. "Veja bem, não se trata de
criticar o passado colonialista, Espanha, Portugal. Temos que olhar
o futuro. A democracia avança a
olhos vistos na África, e o exemplo do Brasil na sua democratização pode ser importante", disse
Lula, com Amorim concordando.
Foi nesse momento que lhe foi
perguntado sobre Cuba.
Após elogiar o sistema educacional em Cuba, completou afirmando que seria bom ajudar o
povo cubano a viver "experiências democráticas". "Mas isso não
pode ser feito com imposições",
disse. Evitando chamar Cuba de
ditadura, afirmou que, "sempre
que alguém é acuado, faz o pior",
ao citar o embargo e a pressão por
mudanças no regime de Fidel.
A ilha caribenha, único país nominalmente comunista das Américas, é uma espécie de objeto de
desejo do PT e de suas principais
lideranças. Era modelo ideológico
e casa para então exilados como o
hoje chefe da Casa Civil, José Dirceu. Agora, é constante na agenda
dos principais ministros do governo e está nos planos de investimentos externos do governo.
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