São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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BC SOB PRESSÃO

Ministro da Justiça afirma haver inconsistência em representação feita ao STF que pede a quebra de sigilo de Meirelles

Pedido de Fonteles é inconsistente, diz Bastos

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, classificou ontem como totalmente inconsistente a representação feita pelo procurador-geral da República, Claudio Fonteles, pedindo ao STF (Supremo Tribunal Federal) a quebra do sigilo fiscal de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central.
"A questão está sub judice de modo que não posso me pronunciar muito. Mas eu olhei os termos da representação feita pelo procurador-geral, Claudio Fonteles, em relação ao presidente do Banco Central e a impressão que tive como velho advogado é de uma absoluta inconsistência", disse Bastos ontem, em Londres.
O ministro não quis fazer outros comentários e disse que a questão tem de ser decidida pelo STF.
Bastos viajou ao Reino Unido para assinar um acordo com o governo britânico de cooperação internacional em matéria penal, cujo objetivo principal é a simplificação nas relações entre os dois países sobretudo no que se refere à lavagem de dinheiro.
"Isso facilita o combate ao crime, principalmente ao crime mais transnacional que é a lavagem de dinheiro", disse Bastos.
Segundo o ministro, o objetivo do governo é assinar acordos nessa linha com 50 países até o fim de 2006. Até este momento, segundo ele, cerca de dez foram assinados, e a intenção é agilizar o processo. Os principais crimes associados à lavagem de dinheiro no Brasil, diz Bastos, estão ligados à corrupção e ao tráfico de drogas.
"Se não houver essa integração consistente, troca de informação rápida, bloqueios rápidos e não burocratizados não vamos chegar a lugar nenhum", afirmou.
O ministro disse ainda que o Brasil passa por uma crise institucional que precisa ser atacada de frente. Segundo ele, algumas instituições não conseguem investigar crimes de lavagem de dinheiro por falta de meios de investigação ou treinamento e isso acaba levando à impunidade. "Falta foco, falta treinamento, falta consciência de que lavagem de dinheiro é um crime simples", disse.
No Reino Unido, Bastos visitou presídios e analisou casos das chamadas penas alternativas. Segundo ele, o Brasil tem interesse em aumentar a utilização desse tipo de punição (que, geralmente, não envolve a prisão do culpado).
Ele diz que, além de as penas de prisão custarem dez vezes mais que as alternativas, no Brasil, a taxa de retorno de criminosos à cadeia por conta de reincidência criminal é de 60%. Segundo ele, essa é a taxa mais alta do mundo.


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