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CGU vê indícios graves na Frangonorte
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao avaliar as contas do Banco
da Amazônia (Basa) no ano passado, a Controladoria Geral da
União, subordinada diretamente
à Presidência da República, encontrou "indícios de imóveis oferecidos em garantia complementar que não existem" no empréstimo feito à empresa Frangonorte.
Os técnicos não citam o nome
do ministro Romero Jucá (Previdência), que foi sócio da Frangonorte, mas o problema detectado
está relacionado ao documento
da empresa, assinado por Jucá, no
qual são apresentadas sete fazendas que não existem como garantias de um empréstimo.
O informe não chamou a atenção da cúpula da CGU desde o
ano passado por não citar nenhum nome do governo, ou mesmo político federal -antes de assumir a pasta, Jucá cumpria mandato de senador.
O nome de Jucá não aparece
porque a CGU faz análises anuais
sobre as contas do Basa e, via de
regra, analisa os empréstimos e financiamentos por amostragem.
Especificamente neste caso, o
procedimento mudou a partir do
mês passado, quando a Folha revelou que Jucá apresentou garantias falsas aos empréstimos.
Diante das reportagens, o que
antes era feito por amostragem
passou a ser específico: os técnicos da Controladoria solicitaram
toda a documentação do empréstimo concedido à Frangonorte
Ltda. e devem concluir a análise
no mês que vem.
A frase sobre os "imóveis que
não existem" consta de um informe preliminar elaborado em novembro do ano passado por técnicos da Controladoria que analisam os dados do banco em sua sede, em Belém (PA).
Dois auditores da CGU vêm cuidando da auditoria anual do Basa
e se reportando diretamente a
Brasília. Representantes da cúpula da CGU disseram ontem à Folha que consideram o assunto
grave, mesmo que seja baseado
em "indícios", por enquanto.
Além dos imóveis que não existem, o informe relaciona outros
problemas nas contas do Basa: foram acolhidas "certidões falsas"
na concessão de empréstimos e financiamentos e houve liberações
de recursos para empresas que
não estavam com a situação cadastral regular.
Quando receber o relatório
pronto no mês que vem, o ministro Waldir Pires (CGU) deve, segundo a legislação, exigir que o
Banco da Amazônia tome todas
as medidas possíveis para ressarcir o prejuízo aos cofres públicos.
Acontece que o Basa vem tentando obter os recursos de volta
faz cinco anos, por meio de uma
ação cível que tramita na Justiça
Federal de Belém. Com o passar
do tempo, a dívida da Frangonorte bate os R$ 18 milhões hoje.
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