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Entrei e sairei na forma da lei, diz reitor
À noite, Timothy Mulholland foi denunciado pelo Ministério Público por usar verba para decorar apartamento funcional da UnB
Estudantes pedem saída do reitor; Lula disse ontem, em reunião com senadores, que está preocupado com o andamento da invasão
ANDRÉA MICHAEL
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O reitor da Universidade de
Brasília, Timothy Mulholland,
afirmou ontem que não deixará
o cargo e que tem esperança
que a invasão da reitoria por estudantes seja solucionada em
breve e de forma pacífica.
"Entrei na UnB na forma da
lei e sairei na forma da lei. As
negociações serão levadas à
exaustão, até as forças se esgotarem. Mas há uma decisão judicial [de reintegração de posse], imaginamos que esse prazo
não seja tão longo", disse o reitor, em uma entrevista coletiva
realizada pela manhã.
A entrevista foi convocada
após o sexto dia de invasão da
reitoria. Anteontem, os estudantes ampliaram a invasão a
outros andares da reitoria. Eles
pedem a saída do reitor, por
conta de uma investigação feita
pelo Ministério Público.
O reitor evitou responder sobre a possível invasão da Polícia
Federal. Disse que está trabalhando para que a solução não
seja violenta, mas lembrou o
alerta da própria PF sobre possível responsabilização criminal dos líderes do movimento.
A PF instaurou inquérito para apurar responsabilidades
dos invasores. Serão investigados os crimes de lesão corporal,
dano qualificado ao patrimônio
da União, atentado contra o
serviço de segurança e desobediência à decisão judicial que
desde a última semana ordenou a saída dos alunos.
Na entrevista, Mulholland
disse que se sentia "completamente" à vontade no cargo,
apesar da investigação.
"Aquilo foi um processo institucional, não é questão pessoal", afirmou. Ele disse que o
escândalo da compra dos móveis deu "oportunidade para intensificar ataques" à sua pessoa
e à universidade e que foi criticado pelas políticas de inclusão.
Durante a entrevista, Mulholland listou vários problemas
criados com a invasão da reitoria, como o possível atraso de
pagamento dos funcionários e
de bolsas de estudantes.
Denúncia
À noite, o reitor e seu decano
de administração, Erico Paulo
Weidle, foram denunciados pelo Ministério Público Federal
acusados de usar de forma "ilegal e imoral" dinheiro para decorar o apartamento funcional.
A ação de improbidade administrativa pede o ressarcimento integral do dano causado, a
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos
por até cinco anos, o pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração recebida e o pagamento de indenização por danos morais.
A Folha procurou a assessoria de imprensa da UnB, mas
não conseguiu contato. O vice-reitor, Edgar Mamiya, disse
que Timothy recebeu a notícia
da ação no fim do dia com
"tranqüilidade" e que vai analisá-la para apresentar a defesa.
Mulholland se reuniu com
estudantes no Ministério Público para negociar o fim da invasão, mas não houve acordo.
Em reunião com a bancada
do PDT no Senado, o presidente Lula disse que está preocupado com a invasão e, segundo
relatos, afirmou que o reitor
deveria se afastar do cargo.
Acidente
O estudante João Victor Venâncio Medeiros, 18, aluno de
Artes Cênicas, caiu ontem à
noite de um dos andares do
prédio da reitoria. Bombeiros
foram chamados e o levaram ao
Hospital de Base de Brasília.
Segundo os bombeiros, o estudante estava consciente, reclamando de dor nas costas e iria
tirar um raio-X. Dois estudantes ouvidos pela Folha disseram que a queda ocorreu devido à falta de luz. A UnB cortou energia e água anteontem.
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